Blog do Victor Martins
F1

Salut, Gilles, 2

SÃO PAULO | Tirando o fato dos paredões que Alonso teve de atravessar para chegar em Vettel, foi tudo ao contrário. O GP do Canadá de hoje foi atípico: nenhum acidente, nada de safety-car e sem uma disputa propriamente dita pelo primeiro lugar, do qual o alemão não saiu nenhum segundo. Como faz sempre quando […]


SÃO PAULO | Tirando o fato dos paredões que Alonso teve de atravessar para chegar em Vettel, foi tudo ao contrário. O GP do Canadá de hoje foi atípico: nenhum acidente, nada de safety-car e sem uma disputa propriamente dita pelo primeiro lugar, do qual o alemão não saiu nenhum segundo. Como faz sempre quando larga na frente, Seb impôs um ritmo forte nas primeiras voltas para evitar qualquer ataque assim que o DRS fosse permitido, e foi abrindo e abrindo a vida em cima das Mercedes, de Webber e do espanhol, que demorou a atacar.

Bottas, coitado, não durou três voltas ali para todos – tanto que terminou no lugar de sempre, 14º –, e com Vettel absoluto, as apostas nas ultrapassagens se debruçaram na queda de rendimento da Mercedes. Que não foi tão grande – e não tem como não dizer que o tal teste secreto não tenha ajudado a equipe. Rosberg só foi superado na metade do segundo trecho da prova tanto por Webber quanto por Alonso, e Hamilton só foi perder o segundo lugar para Fernando nas últimas voltas. Sim, terceiro e quinto para esta equipe que consumia pneus como um camelo ruminante é excelente.

No extremo oposto, a Pirelli ganhou um álibi ao ver que Di Resta levou 56 voltas para trocar seus pneus médios, e ainda andando em ritmo bom. Largando em 17º, era o que o escocês tinha a fazer – apostar em uma estratégia diferenciada –, mas a performance era tão boa com os pneus gastos que a Force India deixou para seu próprio piloto decidir quando deveria parar. Paul chegou em sétimo e garantiu mais bons pontos para a equipe em sua centésima aparição, virando o jogo em cima de Sutil, que começou arrasando na temporada e hoje tem a metade dos 34 pontos que seu companheiro tem. Sutil foi décimo depois de uma rodada e um drive-through.

O sexto foi Vergne, outro que começa a engatar uma sequência boa de resultados. Depois de ter conseguido seu melhor grid na vida, sétimo, o francês elevou a Toro Rosso a um ponto que não via desde o GP do Brasil de 2008, aquele, em que Vettel foi quarto. Ricciardo não foi lá muito bem e andou para trás hoje. Acontece.

Massa acabou em oitavo depois de um primeiro trecho de prova endiabrado, passando meio mundo, e apagado no segundo – em que a Ferrari errou na tática e deu-lhe pneus supermacios em vez de médios, atrapalhando sua evolução e empacando em Sutil – e novamente bom no terceiro, quando fez boa ultrapassagem em um apagadíssimo Räikkönen. Kimi, parece, levou o carro da Lotus só para garantir seu recorde igualado de 24 corridas nos pontos com Schumacher. Antes da metade da prova, já tinha tomado volta de Vettel, e não, não pode ser atribuído ao tempo perdido em sua parada. A Lotus andou mal demais.

Maldonado tornou a aprontar, tocando Sutil – este teve vida dura hoje –, mas não tanto quanto Van der Garde, uma toupeira que fechou Webber no grampo e o fez quebrar uma parte da asa dianteira e, depois, tocou em Hülkenberg. É fraquíssimo, tá lôco. E Gutiérrez, então, que sai dos boxes e bate? O que que a Sauber pretende com esse jovem? Nem vou dizer que isso é praga japonesa e mítica.

A Red Bull dominou, fato, mas estes 36 pontos que Vettel tem de vantagem para Alonso parecem até irreais pela temporada dos dois. Fato é que o alemão vai se aproveitando, fruto de sua capacidade absurda e sua constância de aproveitar cada oportunidade. E considerando que, depois das férias da F1, ninguém vai ligar para atualizações nos carros e tal, a gordura que Seb vai abrindo é imprescindível. Que a Ferrari melhore muito na classificação e que a Lotus não seja tão oscilante. Porque o jovem já está limpando o caminho para o tetra seja conquistado com calma tão inesperada quanto esta corrida mediana em Montreal.