Blog do Victor Martins
F1

Santo devoto, 2

SÃO PAULO | Sim, é uma surpresa ver a Mercedes vencendo da forma que foi em Mônaco. E não, nada tem a ver com o teste secreto de três dias que a equipe fez a pedido da Pirelli em Barcelona, devidamente entregue ao Tribunal da FIA com o selo VDM (vai dar merda). Sem ser […]


SÃO PAULO
| Sim, é uma surpresa ver a Mercedes vencendo da forma que foi em Mônaco. E não, nada tem a ver com o teste secreto de três dias que a equipe fez a pedido da Pirelli em Barcelona, devidamente entregue ao Tribunal da FIA com o selo VDM (vai dar merda). Sem ser acossado a prova toda, Nico conduziu tranquilamente durante as 78 voltas da corrida em duas partes e pode botar na conta das Red Bull tal tranquilidade.

Apesar de Vettel ter feito a melhor volta da prova no fim, o alemão e Webber, segundo e terceiro colocados, não tinham ritmo para acompanhar Rosberg. Assim, funcionaram de paredão para o resto – trabalho que poderia ter sido feito por Hamilton, foi recusado pela Mercedes e acabou não acontecendo porque Lewis não andou rápido o suficiente no momento do primeiro safety-car. Apesar de toda reclamação que Vettel faz sobre os pneus, impressiona como tem sido absurdamente constante na temporada – mais até que no ano passado. Em seis provas, nunca ficou acima de quarto e conseguiu duas vitórias com um carro que realmente não tem o melhor dos ritmos de prova.

Entre os quatro primeiros, pois, não teve lá muita graça. Mas o resto até que foi bom.

Sutil, o quinto, foi o mais cerebral dos atirados. Passou dois na Loews, a curva mais lenta do automobilismo, e esperou que Pérez se afobasse o suficiente para herdar as posições deste e de Räikkönen, que sofreu as consequências do ímpeto burrito. Sergio começou a mostrar que é possível passar em Mônaco na saída do túnel, e como Adrian, passou dois lá – Button e Alonso, os mesmos em ambos os casos. Aí a Lotus avisou Kimi, que é bem mais esperto. Pérez foi onde não dava para passar, ali por dentro, mas também não tinha como tirar o carro quando se viu sem espaço. Kimi, que também é bocudo, até quis partir pra cima, falando em socos, bordoadas e bofetes. Kimi se inspirou no Hunt pintado em seu capacete.

Pérez abandonou com um problema na suspensão e representou um alívio para todos. Aos poucos, o mexicano vai ganhando a antipatia alheia. E como já não é dos seres mais simpáticos do mundo, torna-se oficialmente a pimenta jalapenha do campeonato. Quanto a Kimi, voltou em 16º e terminou em décimo. Pecado que a direção de prova não tenha mostrado o que deve ter sido a maior recuperação de um piloto na história monegasca.

Button passou Alonso na confusão toda e ao menos não terminou a corrida com a pecha de putinha do dia, que coube ao espanhol. Curioso como Alonso tem feito as provas ímpares do calendário muito bem e as pares, mal. Perguntaria lá, o bocó, o que isso quer dizer, e ele mesmo responderia que nada. Só uma curiosidade. O que pode significar, claro, que há de fazer um corridão no Canadá. Bem em todo fim de semana, Vergne salvou – como diz o comentarista convidado – pontos para a Toro Rosso com o oitavo lugar, seguido por Di Resta e Räikkönen.

Alguns pontos curiosos da corrida vieram justamente pela formação do pelotão, primeiramente atrás de Rosberg e depois por Vettel. Van der Garde, que teve um problema no começo da prova, parou para trocar pneus e, com pista livre, chegou a registrar o melhor giro. Com Chilton, no pós-acidente com Maldonado, aconteceu o mesmo no sentido de que era o mais rápido da pista. Tá todo mundo lôco, ôba. O que resultou a eles? Nada, também. 14º para o inglês marussiano e 15º para o holandês caterhânico.

Quanto a Massa, seu treino para acidentes tem sido muito eficaz, visto que protagonizou dois idênticos. A Ferrari logo disse que se tratou de uma falha mecânica, sem especificar o problema. Mas antes, Felipe tinha dito que o primeiro deles tinha sido culpa sua. Em qual verdade acreditar? Os teóricos da conspiração já acham que o teste que Kobayashi fez nesta segunda em Fiorano com o carro de 2010 quer dizer algo. Poderia, mas não: é só uma preparação para um daqueles road-shows em Moscou. Mas sonhar é livre.

Os infortúnios de Kimi e Fernando dão a Sebastian uma cômoda liderança de 21 pontos. Que, claro, pode ir para o limbo em Montreal se Vettel abandonar e Räikkönen vencer, por exemplo. Considerando a teoria de que Alonso vai fazer muitos pontos na prova da América e que o alemão nunca venceu lá, o retrospecto aponta para uma reaproximação das coisas. Até lá, a discussão vai ser em torno do que fazer com a Mercedes: puxar a orelha, tirar o que tem de melhor no bolso ou jogar no cadafalso.