Blog do Victor Martins
F1

Fecha o olho na tela

SÃO PAULO | Via-de-regra, as transmissões esportivas brasileiras têm o péssimo e cafona hábito de transformar o Brasil no centro do mundo. Narradores, comentaristas, repórteres e apresentadores se transformam em torcedores ou animadores de auditório em detrimento da isenção, da imparcialidade e até mesmo da informação. Considerando que a lei é esta e nenhuma mente […]

SÃO PAULO | Via-de-regra, as transmissões esportivas brasileiras têm o péssimo e cafona hábito de transformar o Brasil no centro do mundo. Narradores, comentaristas, repórteres e apresentadores se transformam em torcedores ou animadores de auditório em detrimento da isenção, da imparcialidade e até mesmo da informação.

Considerando que a lei é esta e nenhuma mente brilhante haverá de mudar, porque acham que o pachequismo e o nacionalismo dos tempos da ditadura ainda persiste, não seria diferente durante as 500 Milhas de Indianápolis de hoje. Assim, para a TV e sua audiência, um tanto quanto excelente que Kanaan tenha vencido a corrida.

E já que o brasileiro era, de fato, o centro do mundo, como é que uma emissora toma a decisão de cortar a transmissão na comemoração de um cara que lutou por esta vitória, que é parceiro da emissora para o que der e vier, para passar um jogo absolutamente sem nenhuma validade de início de campeonato, ainda mais localizado em São Paulo? Quer dizer, a Bandeirantes incita que todo mundo torça, e quando a torcida está lá pronta para comemorar junto com seu pária, alguém simplesmente decide que as imagens de Indianápolis não valem – para a qual deslocou um montão de gentes a trabalho – e as de Campinas são melhores. É uma incongruência tamanha que não se mede.

Não é uma batalha entre a audiência e os fãs de automobilismo e de futebol. É claro que o segundo tem muito mais visão. Mas é meramente uma questão que transcende isso: a falta de senso, de esperteza e de inteligência de um grupo de comunicação que um dia se gabou de ser o canal do esporte.

É uma questão que expõe certos ridículos, maiores que os das transmissões-torcidas e incrivelmente dos inúmeros erros de pronúncia dos nomes.