Blog do Victor Martins
F1

Los mossos y las mossas

SÃO PAULO | A gente vinha frisando há muito tempo, na manhã de hoje no horário de Brasília, depois da voltaça de Hamilton no Q2: a Mercedes vem para as cabeças. E não deu outra: Rosberg na pole. Tem uns aí que chegaram a dizer outras coisas minutos antes, meio bocós… Enfim, adiante. Mercedoca escondeu […]

SÃO PAULO | A gente vinha frisando há muito tempo, na manhã de hoje no horário de Brasília, depois da voltaça de Hamilton no Q2: a Mercedes vem para as cabeças. E não deu outra: Rosberg na pole.

Tem uns aí que chegaram a dizer outras coisas minutos antes, meio bocós… Enfim, adiante. Mercedoca escondeu o jogo bonito do resto. Não pagou de bonitona e dona da bola durante os treinos livres, dominados por Ferrari e Red Bull (Vettel), para aparecer só na segunda parte da classificação, no minuto final, quando Lewis fez 1min21s0qualquer coisa e colocou 0s6 na rapa. Ali estava a chave do sucesso, que parecia nas mãos do inglês, mas o alemão companheiro roubou-lhe lindamente.

Ou seja, como diria o outro, fomos todos enganados o tempo todo. Pútridos e alvíssaras.

É difícil, na real, falar dessa Mercedes que engata a terceira pole seguida, algo que não acontecia havia 58 anos. Que ela está mais bonita com este tom de prata, está. Mas que as semanas que separaram o Bahrein da Espanha também tenham servido para o pessoal da bela viola trabalhar no conteúdo – entenda-se o melhor funcionamento dos pneus sem degradá-los abruptamente. Na China, Hamilton viu sua pole se esvair em três voltas, enquanto Rosberg levou uma a menos para começar a despencar no grid, até chegar em um esquisito nono lugar.

Aí a gente pega a declaração dos dois pós-classificação. Rosberg já veio com o papo de cautela e desafio; Hamilton soltou que a vitória é irreal. O que indica que o pão-borracha deve continuar bolorento.

Vettel sorri. Räikkönen, idem. Os dois vêm logo atrás no grid. Sebastian, aliás, ficou meio inconformado de não ter feito a pole a ponto de ficar petrificado olhando para o monitor dos tempos o tamanho da naba que levou. Mas se a Mercedes o fez durante o fim de semana, por que não fazer um jogo de cena também? Quanto a Kimi, nada que reclamar, visto que a Lotus tem um ótimo acerto para a pista de Barcelona, onde foi bem nos treinos de pré-temporada. “Ah, mas era a pré-temporada, estava frio e tudo era diferente”. Verdade. Mas os resultados em termos de tempos não são muito diferentes. E o carro aurinegro vai muito bem, obrigado, em corrida.

Alonso é só o quinto na grelha, terceiro na prática. Raramente perde posição na largada, então a meta é clara: jantar um dos seus principais adversários logo para não perder tempo atrás dos mercedianos. Massa ficou 1 milésimo atrás do companheiro, mas só larga em nono, devidamente punido por ter atrapalhado Webber – um dos beneficiados com a queda de Felipe no grid; os outros são Grosjean e Pérez (uia!). A queda é um horror para o brasileiro, já que vai ter pelo menos dois carros, a Red Bull 2 e a Lotus 2 como empecilhos. E considerando seu histórico de começar bem e ir pra trás, o prospecto para Massa ou aponta as posições finais da pontuação ou nem isso.

Pérez, depois do choque de realidade que levou, começou a andar melhor que Button, desanimado 14º hoje. A McLaren mudou, mudou, mudou e não mudou muito. Di Resta sai em décimo com uma Force India levemente mais atrás no fim de semana. Como a equipe lida bem com os pneus na corrida, pode se recuperar – Sutil, inclusive, em 13º. As Toro Rosso andaram direitinho e não passaram por pouco para a fase final. São outras que se dão bem em ritmo de prova. Podem ir enchouriçar Massa. Pobre Felipe.

A Sauber é um engano, só não maior que a Williams, pole no ano passado e 17ª com Maldonado – que ganhou um posto com a outra punição, a do limítrofe Gutiérrez. E Van der Garde se postou à frente de Bianchi. A Caterham deve estar com 114 cv a mais, não é possível. Ou trocaram o ventríloquo ali dentro do cockpit e ninguém reparou.

Palpite? Dá Vettel em Granollers/Montmeló/Barcelona, numa análise racional, mas para o campeonato seria legal se desse uma das Mercedes ou Räikkönen. Aliás, é sempre legal quando Kimi vence. É quando ele faz da vida algo prazeroso: o encontro com a champanhe para a posterior festança noturna.