E se Alonso estava fora, aquele que lhe seria escudo poderia ser ameaça, mas Grosjean, Le Pica-Pau du Polainais, tinha de aprontar das suas e dar na traseira do australiano sem dó. Romain tomou um stop & go de 10 segundos, mas não hesito em cravar que tomaria mais uma corrida de suspensão se tivesse tirado Vettel da ação. Grosjean é rápido e tudo mais, mas simplesmente pira na largada. E num pensamento além, quem sabe uma grande vaga na Lotus não fica disponível para 2013.
Então Vettel passou a ter como maior adversário o Mito, que não tinha ritmo algum para andar na cola da Red Bull. Mito tinha, sim, condições de abrir distância de Button e Massa, que apareceram em terceiro e quarto, respectivamente, espertos que foram ao se livrar do quiproquó inicial. A Sauber em seu ritmo de corrida é tão boa quanto uma Ferrari, e com a McLaren estranhamente fraca, foi livrando aos poucos uma distância confortável. Mas aí a equipe de Monisha Kaltenborn cometeu um erro: chamou Kamui para sua primeira parada na volta 14, cedo para os padrões sauberianos, sendo que poderia ter observado que Button tinha ido aos pits e voltado encaixotado atrás de Ricciardo. Ali o Mito perdeu o segundo lugar, porque Massa passou a andar, mesmo com pneus mais velhos, muito melhor que o japonês e o inglês, que demoraram a se livrar de Daniel.
Uma parada esperta e inteligente pôs Massa à frente dos rivais, e do segundo lugar, com um desempenho muitíssimo sólido, não mais saiu. Minutos antes da corrida, a BBC informou que a corrida em Suzuka seria vital: com um bom resultado, Felipe manteria seu posto na Ferrari. Assim, Stefano Domenicali teve ter só levado ali na garagem a caneta e apontado o lugar da assinatura. É que como a corrida foi chata e esteve longe de algum brilhantismo parece que Massa não fez mais do que a obrigação, mas este Massa, sim, é aquele que pareceu um dia grande.
Mito tinha um refresco durante a corrida que secou com o calor japonês, e Button foi se aproximando e deixando a torcida toda, aqui e lá, apreensiva. Mas a festa mais linda da temporada foi vista nas arquibancadas, com aquela gente feliz balançando as bandeirinhas e os bonequinhos de pelúcia deste xavequeiro de repórter. Maior gênio da raça. Kobayashi corria também pela sua carreira, e tal como Massa, deve garantir sua permanência na Sauber por mais uma temporada. Uma F1 sem Kobayashi não tem a menor graça.
Hamilton ficou em quinto, apagado, mais que estranhamente apagado. Complô? Conspiração? Simplesmente não andou, e só não tomou dois passões de Pérez porque, no segundo, Ligeirinho se empolgou no grampo. Talvez quisesse mostrar serviço aos futuros patrões, sei lá, mas vai uma dica: pare. Raikkonen, que tirou Alonso, ficou em sexto. Desceu do carro e perguntou: “Kimincomoda?”
Quanto a Senna, manteve a média de punição da Williams. Deu uma em Rosberg e tomou um drive-through. E apareceu no fim da corrida para brigar com Grosjean, na disputa dos punidos, terminando em 14º. Mal demais no Japão.
5 corridas em formato de minicampeonato, como disse Alonso, que foi profético ao citar no Twitter um trecho de ‘Arte da Guerra’, de Sun-Tzu, falando de guerra em montanha e mar e não sei o quê. Acho que pirou, o rapaz, depois do segundo abandono, que mostra 194 a 190 na pontuação. Vettel é favoritíssimo, afinal o carro da Red Bull é melhor. Fernando vinha ressaltando que era um milagre se manter na liderança. A próxima prova é na Coreia, naquele pútrido circuito de Yeongam. É lá onde Sebastian deve aparecer na frente dançando Gangnam Style.