Blog do Victor Martins
F1

Auf wiedersehen

SÃO PAULO | Que poderia vir, OK, mas digamos que foi surpreendente o anúncio de Schumacher nesta quinta em Suzuka. Cobiçado pela Sauber, o alemão foi profético ao enfatizar em seu discurso que não sentia mais 100% de vontade de fazer o que mais ama, embora reconheça que ainda se vê em condições de brigar […]

SÃO PAULO | Que poderia vir, OK, mas digamos que foi surpreendente o anúncio de Schumacher nesta quinta em Suzuka. Cobiçado pela Sauber, o alemão foi profético ao enfatizar em seu discurso que não sentia mais 100% de vontade de fazer o que mais ama, embora reconheça que ainda se vê em condições de brigar com essa molecada toda no mesmo nível.

É que estar no mesmo nível da molecada toda não é ser Schumacher, o homem que destruiu todos os recordes da F1 e fez a categoria mudar de regras a torto e a direito para evitar um domínio ainda maior sobre seus adversários. E é estranho ver a grita dos antis que tentam reduzir suas conquistas meramente por questões patrióticas ou porque usam o escudo da vigarice. Como se Senna, outro dos maiores da história, fosse um pano de limpeza — o título de 1990 exemplifica bem; e desculpe, o papinho de troco pelo que Prost havia feito no ano anterior não cola; ninguém caga na cabeça da pomba depois que ela executa acertadamente seu serviço.

Que se conteste, pois, o que Schumacher fez em sua volta à F1. Michael não chegou a ser nem o que o irmão Ralf foi em seus anos de Williams, por exemplo. Um pódio em três temporadas com um carro que foi vencedor na mão de Rosberg reflete a segunda passagem medíocre na categoria. O próprio reconheceu hoje que as críticas feitas não são erradas. E naquela relação de empresa/funcionário, Schumacher não apresentou os resultados almejados pela Mercedes. Não se olha para trás para tomar uma atitude destas, e a equipe foi atrás — ou foram atrás dela — para pegar o que havia de melhor disponível no grid, Hamilton. Schumacher tornou-se um peso caro, e a vida de proletário é assim.

Por conta da memória seletiva, Schumacher vai acabar tendo grande parte de seus méritos vistos com um asterisco. Como a comparação jamais vai ter fim, que se entenda que um mundo onde Schumacher e Senna são geniais, míticos e lendários é possível. E como disse o amigo Zé Eduardo Morais, que saiba se distinguir uma coisa da outra: maior é aquele que teve mais conquistas; o melhor é meramente uma opinião pessoal. E que seja respeitada a de cada um sem as putarias prosaicas que se vê nestas gentes movidas a emoções extremistas e por muitas vezes manipuladas.