Blog do Victor Martins
F1

Início do xadrez

SÃO PAULO | A principal peça do xadrez da F1 se moveu, enfim, e deu cabo a outras duas mudanças essenciais. A chegada de Hamilton à Mercedes abriu espaço rapidíssimo para Pérez — a McLaren resolveu tudo em dois dias e nada mais. E Schumacher, duvidoso e incerto, ainda não sabe se aposenta ou se […]

F1 Testing in Valencia" src="https://victor-martins.grandepremio.com.br/wp-content/uploads/2012/09/96315910-1024x682.jpg" alt="" width="434" height="288" />SÃO PAULO | A principal peça do xadrez da F1 se moveu, enfim, e deu cabo a outras duas mudanças essenciais. A chegada de Hamilton à Mercedes abriu espaço rapidíssimo para Pérez — a McLaren resolveu tudo em dois dias e nada mais. E Schumacher, duvidoso e incerto, ainda não sabe se aposenta ou se sai da moita.

Já vi por aí que tem gente chamando Hamilton de traíra e mau caráter por trocar a McLaren, que lhe deu de comer e vida no automobilismo e tudo mais. Contando 2012, são seis temporadas na F1 defendendo o time de Ron Dennis e Martin Whitmarsh. E a Mercedes também foi apoiadora de sua carreira nos primórdios, na F3, por exemplo. E mesmo se ele tivesse ido para a Ferrari ou a Red Bull, os serviços prestados por Hamilton, num balanço geral, são positivos: um título em 2008, um vice em 2007, disputou o título de 2010 até a última prova, está na briga deste, uma média de uma vitória a cada cinco corridas. É um cartel ótimo. Vai para a Mercedes procurar um desafio novo. E tem um outro de$afio.

Hamilton chega para ganhar bem mais na Mercedes, ex-Brawn, ex-Honda, ex-BAR. 1999, BAR, Villeneuve viu a queda da Williams e, motivado por um caminhão de dinheiro, debruçou-se no projeto de Craig Pollock para formar a British American Racing, com chassi Reynard. Jacques nunca mais foi nada para a F1. Não venceu uma corridinha sequer. Nem teve chance de uma corrida de despedida, depois que foi parar na BMW Sauber e foi demitido. A situação é levemente diferente com Lewis porque a Mercedes tem uma base muito mais forte do que tinha a BAR, mal ou bem conseguiu uma vitória, mas Hamilton vai passar a responder pela obrigação de liderar uma equipe a caminho do título. Uma equipe que até outro dia pensava em não assinar o Pacto da Concórdia porque esta história de F1 é cara demais – e os resultados não estavam vindo; aliás, recomendo a próxima edição da Revista Warm Up em relação a isso. Para a Mercedes, Hamilton é a última tentativa de brincar de F1.

E a Mercedes cansou de Schumacher. Cansou também de esperar Schumacher se decidir. Michael é uma excelente plataforma de mídia e divulgação da marca, a maior que a Mercedes poderia ter quando resolveu voltar à F1 enquanto equipe. Mas como funcionário bem pago e na obrigação de apresentar lucros à empresa, Schumacher falhou nestas três temporadas. Um só pódio, em Valência neste ano, uma coletânea de acidentes e erros primários – também recomendo a leitura da próxima coluna de Américo Teixeira Jr., o furador, na Warm Up. Como bem disse Massa, Schumacher só tinha a perder neste retorno. E perdeu. A memória seletiva de muita gente tende a apagar o que o primeiro Michael conquistou. O segundo quase nem se nivela ao irmão Ralf. Assim, a decisão da Mercedes é altamente compreensível e acertada, sobretudo na escolha do substituto.

Schumacher ainda não se aposentou. Havia um papo de que fariam o anúncio da retirada em Stuttgart, mas Schumacher segue pensando. Baixou Rodin no véio. Mas se ele seguir, até tem chance de parar na Sauber. Uia! Bem, Michael teria de ser piloto pagante, porque a Sauber está atrás de alguém que banque a farra automobilística, e patrocínios, o homem tem de monte. E seria também uma forma de encerrar um ciclo da carreira, afinal Peter Sauber foi seu chefe de equipe quando corria de protótipos antes da F1. Se o dirigente e Monisha Kaltenborn quiserem publicidade e homenagem, o prato está pronto. Quanto a resultados, certamente não é o que tem pra hoje.

Quanto a Pérez, trata-se de um prêmio pelo que o rapaz fez com um carro da Sauber, levando-o a três pódios e deixando Kobayashi na havaiana velha. Ainda que carregue a pecha de piloto pagante e que o fator Telmex/Claro tenha pesado na opção da McLaren, a equipe está diante de um novo talento, o melhor deste meio do grid. São várias uniões de fome e vontade de comer. A Vodafone vaza, outra empresa de telefonia entra, Button assume de vez a condição de primeiro piloto e líder da cavalaria mclariana e Sergio vem na condição de atração de luxo da temporada. Ainda, é uma linda lição que a McLaren ensina à Ferrari, que teve Pérez em suas mãos e optou por não ousar.