Blog do Victor Martins
F1

Euro × F1

SÃO PAULO | Para complementar o assunto sobre a audiência do automobilismo, esperei saírem os números da final da Eurocopa, disputada ontem entre Espanha e Itália. A audiência preliminar aponta que a média do Ibope na Globo foi de 16 pontos. O jogo foi mostrado neste domingo a partir de 15h30 (de Brasília), em horário […]

SÃO PAULO | Para complementar o assunto sobre a audiência do automobilismo, esperei saírem os números da final da Eurocopa, disputada ontem entre Espanha e Itália. A audiência preliminar aponta que a média do Ibope na Globo foi de 16 pontos.

O jogo foi mostrado neste domingo a partir de 15h30 (de Brasília), em horário similar ao GP do Canadá, único à tarde até agora. A prova em Montreal rendeu 13 pontos.

Futebol é insuperável, claro. Houve tempo atrás uma pesquisa encomendada pela Bandeirantes em que se chegava à conclusão que qualquer partida, até disputada por mulheres, renderia público na TV — daí também o investimento na emissora na seleção feminina, Marta e cia.

A Globo passou ontem sua primeira final de Eurocopa desde 1992, quando a Dinamarca foi campeã. Foi apenas o quarto dos 31 jogos que a emissora transmitiu nesta edição. Assim, seu público não estava tão acostumado ao evento. Havia um brasileiro em campo, naturalizado, Thiago Motta, mas ninguém assistiu à partida por sua ascendência. Também, a Band exibiu o jogo, e faz-se válido somar a audiência de 3 pontos, 19 no total.

19 para um jogo que não envolve brasileiros, mas tinha seu atrativo — além da forte influência das colônias em São Paulo. É um ótimo chamariz, mas não foi só italianos e espanhóis radicados que viram o jogo. E ressalte-se: nenhum brasileiro venceu.

A F1 tem dois brasileiros, Massa e Senna, que no papel têm condições de ganhar corridas nesta longa temporada, vide os desempenhos de seus companheiros, Alonso e Maldonado, respectivamente. A F1 tem sido um grande chamariz, como há tempos não era. Mas por mais que a emissora tenha culpa na criação de pachecos ao longo das últimas décadas, uma F1 tão diversificada e agradável de se acompanhar, principalmente imprevisível — a queixa de muita gente é de que já se sabia quem iria ganhar — já não atrai tanto.

Ao que se nota, a F1 é vista mais por uma ‘velha geração’ cativa que põe a categoria acima dos interesses de torcida ou patriotismo. Os mais ‘novos’, ao que parece, preferem fazer outra coisa da vida: ver desenhos, jogar videogame, dormir até mais tarde. Se Massa ou Senna chegarem a um pódio nas próximas provas, dificilmente os pontos serão muito maiores que estes.

Assim, a Globo teria de começar a fazer um papel contrário ao que vinha fazendo — e talvez esse ‘abre’ de 20 minutos antes das provas seja o primeiro passo: dar valor ao produto para que esses ‘novatos’ se habituem à F1 independente de brasileiro ou não, sabedora também de que o futuro para os pilotos locais não é dos mais promissores. Há muitos torcedores de Alonso, Vettel, Schumacher, do mesmo modo que gente torce para Barcelona, Real Madrid, Milan ou é fã de Iniesta, Buffon ou Casillas. Vai ser interessante acompanhar a mudança de atitude para uma personalidade mais apátrida.