Blog do Victor Martins
F1

Terra da Luíza, 2

PORTO ALEGRE | Quando Villeneuve, codinome Negativo, falou à TV Globo que a corrida estava naquele momento  chata, não mentiu. Hamilton vinha com uma liderança confortável de 3s e Alonso e Vettel não queriam muito da vida a não ser ir no bar do próprio Jacques mais tarde. Foi meio que achincalhado, o pobre Villeneuve, […]

F1GPCanada3796.jpg" alt="Motorsports: FIA Formula One World Championship 2012, Grand Prix of Canada" width="420" height="280" />PORTO ALEGRE | Quando Villeneuve, codinome Negativo, falou à TV Globo que a corrida estava naquele momento  chata, não mentiu. Hamilton vinha com uma liderança confortável de 3s e Alonso e Vettel não queriam muito da vida a não ser ir no bar do próprio Jacques mais tarde. Foi meio que achincalhado, o pobre Villeneuve, daí falaram até que era chato, mas a 300 km/h, como se tivesse algo a ver. Seja como for, a partir de então, a corrida pegou fogo.

Porque parecia que só haveria aquele bloco dos três primeiros ali na frente, sem parar mais — como chegaram a dizer durante o fim de semana todo, com uma troca só —, e os demais, ligeiramente atrás, buscando melhores posições entre quarto e décimo. Mas o calor surpreendentemente alto e a pista abrasiva de Montreal foram minando com a corrida dos ponteiros.

Se levassem a corrida em banho-maria, o trio Hamilton-Alonso-Vettel veria Grosjean como vencedor no Canadá, o sétimo ganhador do ano, puxando Pérez a tiracolo. Mas foi Hamilton e a McLaren que acabaram ousando e foram buscar a vitória que já era deles, inteligentemente. Lewis descontou fácil uma diferença de 16 segundos. E se Vettel parecia num primeiro instante deixar o inglês passar fácil para tentar se aproveitar do embate dos dois à frente, notou rápido que ainda teria tempo de calçar pneus novos para caçar o espanhol da Ferrari.

Bem provável que a Red Bull não contasse com a eficiência dos carros da Lotus e da Sauber. Grosjean e Pérez vinham virando no fim tempos tão rápidos quanto os de Hamilton e com pneus gastos. Isso denota o quanto estes carros são bons e consomem pouco pneu – e é até estranho que nesta F1 de caixa de bombons não tenham chegado em primeiro lugar; hão de conseguir, irmãos, com fé. Daí Vettel foi, parou e logo passou Alonso, que se arrastava com aquela borracha velhusca. Mas dificilmente incomodaria o francês e o mexicano por um lugar no pódio.

Então Hamilton ganhou, já vinha merecendo, Nicole pulou e tal, mas é bom a McLaren, na reunião de amanhã em Woking, ver que não está lá perfeitinha. Porque nas duas paradas houve problemas novamente. Em ambas, também, Lewis deu uma engasopada para sair. Por outro lado, em Maranello, Luca di Montezemolo deve soltar um “ma que bella cagatta”. A Ferrari foi passiva, e a consequência é que Alonso perdeu a liderança do campeonato para Hamilton. Vettel vem logo atrás. 88-86-85, respectivamente. “Ai, porque a F1 é tão chata e previsível”. Pare.

E Webber, que teve lá suas atuações medianas, chegou em sétimo e a 79 pontos. Não tá longe, como se nota. Rosberg tá em quinto com 67. Raikkonen e Kobayashi estiveram meio apagados hoje. O primeiro não andou bem, na real; o segundo teve sua prova atrapalhada na estratégia: quando a Sauber resolveu chamar Mito para os pits, vinha à frente de Pérez. Só que voltou atrás de Di Resta, e restou a Kamui sofrer um tempo atrás do escocês. O tempo perdido foi fatal para suas pretensões, que seriam certamente a vitória e nada mais. E Massa em décimo. Tava bom demais para ser verdade.

Sexto na largada, Felipe logo se viu em quinto ao passar Rosberg. Estava encostando em Webber e rodou. Pfff!, e aí já era. Andou lá no bloco do valha-me-Deus e nunca mais saiu de lá. 11 pontos só no campeonato, um desempenho que só não é pior comparativamente que o da Mercedes com Schumacher, outra vez abandonando por problemas – desta vez a asa que não fechava; e quando a asa não fecha, como diria Fernando Silva, fede demais. É outro resultado que a Ferrari e sua cúpula vão pôr ali na conta das razões que podem tirar o brasileiro do time no fim da temporada. Ou antes, vai saber.

E quanto a Senna… andar em 17º, atrás das Caterham, não dá. Péssimo fim de semana, péssima corrida. A Williams como um todo não foi bem, mas Bruno não tem se esforçado muito para ser melhor. É um desempenho deveras oscilante na temporada. E Button, hein? Que raios que acontece que a McLaren não consegue acertar mais aquele carro? Convenhamos que Jenson não é o problema…

A F1 chega a 1/3 de temporada muitíssimo bem, obrigado. Sério: melhor, impossível. Tem Valência, aquele antro, mas do jeito que a coisa anda, é capaz de dar jogo bom naquela corrida. Oitavo vencedor? Acho que é pedir demais, é confiar muito nesta Lotus e nesta Sauber. Mas há chances, sim. “Ai, não tem competição, o mesmo ganha”. “Não, tenho medo de ligar a TV e ver a F1”. “Mimimi, desde 1994 perdeu a graça”. Apamerda, vai. Vai lá viver de museu.