Blog do Victor Martins
F1

Terra do Sistema d’Hondt

SÃO PAULO | Foi um dia melhor que aquele da corrida da Malásia, em que Pérez deu uma esperança grande de ver uma F1 com caras novas e diferentes vencendo. Digamos que havia sido um preparativo. E ontem, a FIA e seus comissários deram um jeito de aprontar a casa, tirando Hamilton do caminho. O […]

SÃO PAULO | Foi um dia melhor que aquele da corrida da Malásia, em que Pérez deu uma esperança grande de ver uma F1 com caras novas e diferentes vencendo. Digamos que havia sido um preparativo. E ontem, a FIA e seus comissários deram um jeito de aprontar a casa, tirando Hamilton do caminho. O rival era o mesmo, Alonso, que tinha o fator casa a seu favor. Não chovia, mas não faria diferença. E aí o latino foi lá e, na base da estratégia dos boxes e numa competência extrema, ganhou.

É bem verdade que não se esperava de Maldonado uma corrida tão perfeita quanto a que fez. Foram 66 voltas num ritmo forte e sem erro, mesmo quando Alonso se assanhou e tentou pressioná-lo. Acelerou naquelas que precisava com os pneus mais novos e na parada antecipada que fez para voltar à frente do ferrarista. Um baita presente para todos: Frank Williams e seus 70 anos, a equipe, que não vencia havia oito anos, e para a F1 e seus fãs. Se teve alguém que não curtiu essa vitória, desculpe, você não gosta de F1.

Raikkonen, que se desenhava como favorito, colou em Alonso só no fim, quando tinha calçados menos gastos. Mais algumas voltas, passaria. Mas a Lotus, que tem um carro muito bom, está batendo na trave faz um tempo. Uma hora marca o gol. Mônaco? É bem capaz. Só que quem anda muito bem nas ruas de Monte Carlo é o próprio Maldonado. A ver. Grosjean largou em quarto e se apoderou do lugar como se não houvesse amanhã.

Kobayashi mitou. Fez ultrapassagens a torto e a direito, mesmo onde e quando não havia espaço suficiente. Aquela sobre Rosberg foi tipicamente kobayashiana. No dia em que ele ganhar, a festa vai ser, hã, mítica. Vettel foi outro que andou bem demais, passando meio mundo depois que tomou aquela pífia punição por ignorar bandeira amarela, Massa, idem. Mas a Red Bull não andou bem. Aliás, ao que parece, o desempenho de Vettel no Bahrein foi exceção — talvez porque ele seja exceção.

Rosberg ficou em sétimo, nada fez para brilhar. Hamilton, que teve de largar em último, ainda beliscou os pontos, terminando à frente do companheiro Button. É um mau sinal para o lorde inglês, que não está em boa fase. Apagadíssimo. E é a segunda corrida que anda abaixo da crítica. Caiu para sexto no campeonato, 16 pontos atrás da dupla Vettel-Alonso. Hülkenberg garantiu mais um pontinho pra Force India. E Webber em 11º. Horrível.

Massa não pode culpar a punição por seu 15º lugar. Aliás, a tabela de classificação tem sido cada vez mais acachapante: 61 a 2 para Alonso. Nem parece que tem uma Ferrari nas mãos. Hoje tomou uma volta do companheiro. E tal como Vettel, a performance do Bahrein foi exceção na temporada. Senna não teve tempo de mostrar o que poderia fazer depois que foi acertado em cheio por Schumacher, outro que vem mal.

Daqui a duas semanas, Monte Carlo, e a expectativa de a F1 fazer algo inédito. Lotus ou Sauber? De qualquer forma, a emoção de hoje fica por um bom tempo. O automobilismo ganhou.