Blog do Victor Martins
F-Indy

Wet’n’Indy, 4

SÃO PAULO | O negócio é tão corrido que mal dá tempo de escrever para o blog quando se tem uma ampla cobertura ‘in loco’ pela frente. Agora que a coisa acalmou, dá para tecer mais alguns pitacos sobre o que aconteceu no Anhembi, a competição, a vida e o universo. Primeiro que algumas providências […]

SÃO PAULO | O negócio é tão corrido que mal dá tempo de escrever para o blog quando se tem uma ampla cobertura ‘in loco’ pela frente. Agora que a coisa acalmou, dá para tecer mais alguns pitacos sobre o que aconteceu no Anhembi, a competição, a vida e o universo.

Primeiro que algumas providências básicas, como a melhoria na segurança na sala de imprensa, foram tomadas. Uma simples identificação nos laptops e outros aparelhos eletrônicos e câmeras foram instaladas. Nenhum incidente furtivo foi registrado. Da mesma forma, a assessoria do evento também merece elogios pela organização e solução de problemas. Ao que lhe cabia, não há queixa alguma. Um trabalho muito bem executado pela equipe comandada por Rodolpho Siqueira — tirando, claro, o macarrão sem sal e o suco em pó.

A Indy no Anhembi continua muito acessível — e por isso é bom cobri-la. Não há privilégios para este ou aquele — isso só parte por iniciativa de alguns pilotos com determinados veículos de comunicação ou seus, hã, empregados. Há algumas coisas, no entanto, a serem revistas: 1) no primeiro dia do evento, os repórteres Felipe Giacomelli e João Paulo Borgonove e o fotógrafo Rodrigo Berton estavam na reta da Marginal para dar uma volta na pista e registrar o andamento do trabalhos quando foram abordados por dois homens, em um carrinho com o logo da Amil — recusaram-se a se identificar, disseram que eram “sequestradores”, e, da mesma forma, dois dos nossos o fizeram, quando solicitados a tal. Os dois questionaram a presença dos três alegando que “lugar de jornalista é na sala de imprensa” e ameaçaram até a tomar a cartão das fotos tiradas por Berton. Num ambiente de certa animosidade, os três membros do Grande Prêmio saíram de lá; 2) havia muita gente que não era jornalista no espaço que representaria o paddock no Anhembi. Isso dificulta a vida de todo mundo, sobretudo das próprias equipes e pilotos. É compreensível que a categoria tenha uma natureza muito mais humana e próxima dos fãs do que a F1, mas era gente demais em horas não apropriadas. No que se refere à questão do trabalho jornalístico, como diria a senhora presidenta, uma criação de uma zona mista ou a sugestão de horários previamente determinados poderia ajudar. Mas ressalto que não houve sobressaltos para entrevistar ou conversar com quem quer que fosse.

Não choveu ontem durante a prova, o que é um alento para os organizadores — prefeitura e TV Bandeirantes. Mas se estivesse caindo a água desta segunda-feira, não hesito em dizer que haveria problemas, mesmo com todos os quase 5 milhões de dilmas investidos. A drenagem ainda é uma questão crônica, tanto que ninguém ousou garantir a realização da corrida em pista molhada. De qualquer forma, houve uma corrida. Não foi a melhor do mundo, mas esteve longe também de ser sem emoção, como andei lendo em manchetes por aí — é que é difícil agradar quem vai lá para cobrir apenas e tão-somente uma única pessoa. Will Power não deixou que houvesse uma disputa. Porque o cara é o melhor de todos em pista mista. É simples, ué. E aí surge a péssima velha mania de se transformar quem é bom em inimigo da nação, como se todos que ali estivessem ou acompanhassem pela transmissão fossem obrigados a torcer para um brasileiro, com muito orgulho, com muito amor. O pobre coitado do Power não entendia as vaias que lhe eram aplicadas, e aquele povo antes era convocado a entoar um Ru-binhô, Rubi-nhô até por repórteres, que deixavam sua função meramente informativa — nem isso às vezes — para se tornarem macacas de arquibancada. E vai ser sempre assim enquanto a TV for copromotora do evento: ausência de isenção — e de noção. Mas que a Band pelo menos não faça um comercial no ano que vem no mesmo molde do que fizeram na Stock Car, com os pilotos rotulados com adjetivos não muito bons, dando declarações olhando para a câmera de que estão atrás de Power, na condição de grande campeão.

A Bandeirantes, por exemplo, poderia se preocupar em fazer uma melhor transmissão da corrida, a pior que vi desde o GP da Malásia de F1 de 1999. Disputas eram cortadas para se passar a imagem da Marginal ou da reta dos boxes com os patrocinadores aparecendo no telão. Para ela, ótimo que a SP Indy 300 by cerveja que não abre no pódio e chocolate tenha registrado 6 pontos no Ibope, com pico de 8. É isso que será, no fim, avaliado pela cúpula.

Por fim, resta dizer que são quatro dias intensos, cansativos, mas que são recompensadores. Como disse acima, e sempre digo, cobrir a Indy é mais legal que a F1. Ainda mais com uma equipe com Evelyn Guimarães, Bruno Terena, os supracitados e, às vezes, Flavio Gomes. É sempre bom fazer parte de um time que entende do riscado e que sabe do que escreve/fala/ clica. Tal qual este clique aí embaixo, tirado pelo Berton e randomicamente escolhido aqui…