Vettel e a Red Bull se acharam no ano. Se alguém for colocar um teste de verdadeiro ou falso num vestibular sobre F1, a história de que encontraram o problema do RB8 na sexta é um V garantido. Não tivessem as Lotus largado para brilharem, o alemão teria tido uma vitória típica daquelas do ano passado. Até a primeira parada, havia livrado confortáveis 7 ou 8 segundos para a rapa, já liderada por Kimi. Mas como a Lotus estava espertinha e serelepe, chamou o Tio da Vodka para parar antes. Com os pneus novos, tratou de encostar, encostar e encostar, e com a beleza de um eterno aprendiz, parou mais uma vez e chegou para tentar ultrapassar. Foi, então, a vez da Red Bull se precaver, antecipando a última vez de Vettel e evitar um novo bote. “Eu só tive uma chance”, lamentou Raikkonen via rádio depois da bandeirada. No pódio, Kimi olhou para aquela garrafa de Waard, lembrou que não tinha álcool e desencanou. Eu faria o mesmo.
Para Grosjean, um pódio alentador, que lhe tira a pecha de piloto rápido porém afeito a batidas e confusões, adquirida nas duas primeiras provas no ano. Um resultado que sossega o pito de Eric Boullier e sua turma, tão empolgada no início da temporada para ver do que este carro era capaz, mas meio desanimada depois de três provas sem muito sucesso.
Webber, quarto pela quarta vez. Se não terminar em quarto este campeonato, tem algo estranho. Por enquanto, é terceiro. Rosberg não foi nem sombra do que havia feito na China, o que coloca, por enquanto, aquela prova vencedora como exceção na vida da Mercedes. Di Resta fez corridaça, e ninguém me tira da cabeça que, apesar de as equipes pequenas sempre optarem por estratégias distintas para suas duplas, a meta era chegar ao primeiro lugar para ver se a FOM exibiria suas imagens. Pois foi o que aconteceu, mas justamente neste momento, o escocês não foi mostrado ou creditado como líder da prova. No entanto, a equipe dálit apareceu durante a transmissão.
Aí vieram Ferrari e McLaren. Que coisa. Alonso, sétimo, com aqueles movimentos de quase-entrada nos pits para pegar o vácuo de quem vinha a frente e novamente tirando de si a Chiliquenta escondida. Reclamou de Rosberg, que o arremessou para a areia, tal como fez com Hamilton no mesmo ponto da pista. Se só é permitido um único movimento, não vejo erro nas manobras de Nico, ainda que tenham parecido rígidas. Vão chorar na cama de Sakhir que é lugar quente. Hamilton tem é de reclamar desta McLaren em fase descendente e que lhe prejudica nos pits. Mas ele é só um inglesinho neste mundinho. Um inglesinho que perdeu a liderança do campeonato para Vettel. Button, coitado, se ferrou no fim com um pneu furado e resolveu trazer a criança para casa, já que não ia pontuar. Trouxe, claro, como um lorde. Schumacher, 22º no grid, completou a zona de pontos reclamando dos Pirelli que desgastam demais. Má vá…
E Massa, cáspita, ae, uhu!, enfim pontuou. Diante do que vinha apresentando, grande prova do brasileiro. Andou colado na Birrenta de Oviedo, deu lá uma ameaçadinha para ultrapassar, aí chegaram até a falar “Fernando, Felipe is faster than you”, mas só ouvi isso na transmissão da TV brasileira. Fato é que Massa já estava contando com uma prova na defensiva, e não deveria se esperar dele um confronto direto com o companheiro. Por um lado psicológico, passá-lo seria a glória, mas garantir os primeiros pontos ficou de bom tamanho. Sobre Senna, nesta montanha-russa da F1 2012, um fim de semana para se esquecer. A Williams não foi a mesma das últimas corridas, simples assim.
A corrida do Bahrein foi até interessante, sim, teve boas disputas e uma esperança de ver Kimimporta o Resto do Mundo ganhando. O gostoso do campeonato é que ele tem derrubado todas as previsões e expectativas. Vettel só foi ganhar agora, e justo quando não se esperava. A McLaren não tem a vantagem que dela se via depois da primeira prova. A Mercedes não engatou e a Ferrari, que era uma draga, já tem uma vitória. São quatro equipes que chegaram às vitórias, sendo que outras duas tiveram chances — Sauber na Malásia e a Lotus agora. Um repeteco do que aconteceu em 1983 não está descartado, portanto, na Espanha. Uma pena que Williams, Toro Rosso e Force India ainda não tenham condições de brigar por algo mais à frente.
Ou será que esse campeonato é tão maluco e elas têm?