Blog do Victor Martins
F1

Terra do Zizao, 4

PASSOS | Não é necessário dizer que a corrida perdeu absolutamente toda sua graça depois das duas primeiras curvas quando o Mito desmitou ao cair de terceiro para sétimo, e aí só o que de legal fez foram duas coisas: a volta mais rápida da prova e o passão em Pérez nas voltas finais para […]

Rosberg chega à primeira vitória da carreira e faz a Mercedes rever o primeiro lugar (Foto: Mercedes)

PASSOS | Não é necessário dizer que a corrida perdeu absolutamente toda sua graça depois das duas primeiras curvas quando o Mito desmitou ao cair de terceiro para sétimo, e aí só o que de legal fez foram duas coisas: a volta mais rápida da prova e o passão em Pérez nas voltas finais para ficar com o mísero ponto da Sauber na China, que é tipo uma gorjeta de 5 centavos de Dilma diante do milhão que se avizinhava.

Aos costumes: Rosberg e a Mercedes contrariaram neste fim de semana tudo que deles se imaginava de ruim, sobretudo eles mesmos. Se a expectativa era sofrer com o baixo rendimento dos pneus Pirelli com o passar das voltas, eis que Nico aguentou o tranco que tal forma que parou menos que seus adversários diretos, as McLaren e as Red Bull — que ocuparam entre segunda e quinta posições, mostrando serem as grandes forças da temporada. Só não foram páreo para a Flecha de Prata.

Havia uma corrida para Nico e outra para os demais. De Schumacher para trás, formou-se um fricassê que, de início, fez-se um trenzinho interessante só, mas depois passou a conter alguma ação. Aí Michael abandou de novo, erro da equipe de novo, mas a cama estava feita: ainda que indiretamente, o escudo para o companheiro funcionara. Pérez apareceu na liderança de novo, e ali por um momento criou-se a ilusão de que Monisha Kalterborn e seu grupo haviam dado o pulo, mas a demora em mantê-lo na pista virando mais lento que a rapa jogou Ligeirinho lá para trás, junto com Kobayashi, que parou cedo demais.

Button estava ali em segundo, trazendo Hamilton e Webber, que vez ou outra trocavam de posição. Lá atrás, Vettel tinha dificuldade imensa para se livrar de Force India e Toro Rosso, e pelas estratégias de boxes é que conseguiu aparecer na prova e chegar a ocupar um segundo posto valiosíssimo até as voltas finais. Mas sem condição alguma de se manter com pneus velhacos diante da voracidade das McLaren e do companheiro Webber, até que o quinto lugar ficou de ótimo tamanho. Fato é que a Red Bull tem de torcer para que a patacoada do Bahrein não siga para que trabalhe intensamente sobre esse não tão bom RB8.

A mesma estratégia que deu certo êxito a Vettel não funcionou a Raikkonen, que terminou num péssimo-quarto lugar, longe, mais longe, que se não tivesse aquela névoa poluente em Xangai dava para vê-lo em Pequim, rodando feito barata. Estaria ali entre os seis primeiros, posição que ficou no colo do companheiro Grosjean, enfim vendo uma bandeirada na vida.Aí vieram as Williams, num desempenho de impressionar, andando forte no fim com borracha bem gasta. Novamente Senna ficou à frente de Maldonado, e Bruno vai ali beliscando lindamente belos pontos e se firmando na F1. Se aquele desempenho de Sepang poderia soar como algo pouco recorrente, o primeiro-sobrinho tem mostrado uma competência de certa forma surpreendente para quem está numa equipe nova e refeita de alguns parcos anos.

Alonso foi ali, comboiando, incomodando, e na sua tocada firme só obteve um nono lugar. O companheiro Massa não foi mal desta vez, não: Felipe até que andou num ritmo semelhante ao do espanhol, numa tática de parar uma vez menos. Por instantes, ocupou a liderança, mas não havia muita ilusão de conquistar nada melhor que o último lugar na zona de pontos, por exemplo. Nem isso teve: foi 13º, sem superar a pífia Force India de Paul di Resta. Como um todo, Massa ainda deve — e pra caramba: é o único dos pilotos que não pontuou no ano; as bananas-nanicas estão fora deste dado. Seja qual for a fase da Ferrari, Felipe vai vivendo este duro armistício interno, e mesmo que tenha evoluído, ainda há de escutar poucas e boas aqui e ali.

Na pista, os resultados apontam uma disputa deveras saborosa: Hamilton na ponta do campeonato com três terceiros lugares — hoje não fez cara de cloaca suja —, Button vem 2 pontitos atrás e Alonso e Webber comboiam — o australiano na mesma balada de Lewis, com três quartos postos. Três equipes diferentes vencendo, e a Red Bull nem está no meio disso. Pena que o exterior estraga. Não dá pra cravar com muita certeza que tem corrida na semana que vem, não. Os ativistas no Bahrein estão usando a confirmação da prova como mote para possíveis atentados. Bombas já foram encontradas perto de Sakhir, e até que a F1 desembarque lá, há de rolar muita coisa feia, que encobre a já mencionada anencefalia dos homens que fazem deste espetáculo algo longe de se aplaudir.

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