Blog do Victor Martins
Esporte

Uma história de vida

SÃO PAULO | Foi por acaso que minutos antes da meia-noite de ontem resolvi zapear a TV e cair na ESPN HD. Lá passava um programa que, na verdade, se trata de uma série ’30 for 30′, documentários sobre histórias específicas que são abordadas de uma forma ampla por seus protagonistas e experts. O caso […]

SÃO PAULO | Foi por acaso que minutos antes da meia-noite de ontem resolvi zapear a TV e cair na ESPN HD. Lá passava um programa que, na verdade, se trata de uma série ’30 for 30′, documentários sobre histórias específicas que são abordadas de uma forma ampla por seus protagonistas e experts. O caso era o de Vlade Divać, um dos grandes jogadores de basquete da história da Iugoslávia e depois Sérvia, e de Dražen Petrović, outro destes gênios da bola laranja, iugoslavo, mas croata.

Unidos, Divać e Petrović fizeram a nação unida ser maior que os Estados Unidos e a União Soviética. Mas a diferença étnica que existia entre os povos, acobertada durante anos e aflorada na queda do socialismo na Europa no início dos anos 90, tornou-se fatal para a amizade entre os dois. O motivo da separação, não a dos países, se deu na final do mundial, quando Divać, ao ver um torcedor invadindo a quadra com a bandeira da Croácia, tomou-a da mão e jogou no chão.

Aquele ato do pano arremessado mudou as vidas de todos, enquanto a guerra pela emancipação dizimava os povos. Divać virou inimigo dos croatas, Petrović junto. Sempre tentou a reconciliação, em vão. E nestas coisas da vida, Petrović, sem perdoá-lo, morreu em um acidente de carro três anos depois.

A história de ‘Once Brothers’ parece simples contando assim. Mas é carregada porque, além da política e da situação beligerante, mostra alguém como Divać, que só defendia uma Iugoslávia unida, foi mal interpretado, esperou 18 anos para voltar a andar no território croata, encontrou a mãe de Petrović e visitou o túmulo daquele que sempre quis ter como amigo — e confessa a dor que vai carregar para sempre. Havia muito tempo que não chorava vendo algo do tipo. E posso assegurar que, além de ser a melhor coisa que vi na TV neste ano, é uma das cinco melhores a que assisti em todos estes anos.

No YouTube, aqui está a primeira das seis partes, sem legenda. E como o André lembrou nos comentários, Divać está a cara do Celso Miranda.

http://www.youtube.com/watch?v=3hOst_NExGI