Blog do Victor Martins
F1

Três anos

SÃO PAULO | Felipe Massa completou ontem, no Dia de Finados, três anos sem vitórias e poles na F1. É certamente uma das maiores lacunas da história de alguém que tem um carro de ponta na mão e que vinha se familiarizando com o primeiro lugar e disputou um título. Daquela conquista em Interlagos em […]

SÃO PAULO | Felipe Massa completou ontem, no Dia de Finados, três anos sem vitórias e poles na F1. É certamente uma das maiores lacunas da história de alguém que tem um carro de ponta na mão e que vinha se familiarizando com o primeiro lugar e disputou um título.

Daquela conquista em Interlagos em 2008 com sabor dúbio, foram 46 corridas e seis pódios. Houve um acidente sério no meio do caminho, mas se Felipe insistentemente garante que não existem sequelas, não deve ser um ponto de discussão. Poderia ter havido uma vitória, aquela da Alemanha. De resto, o brasileiro nunca esteve em condições de brigar por tal.

A temporada ruim do ano passado apontou como razão o mau aquecimento dos pneus Bridgestone por parte dos carros da Ferrari. Mas numa comparação direta, Alonso terminou cinco vezes em primeiro lugar e angariou 252 pontos, 108 a mais que Massa. Em 2011, com pneus Pirelli e duas provas por vir, o espanhol tem mais do que o dobro de pontos do brasileiro, 129 à frente, bem como os outros quatro pilotos de ponta — Vettel, Button, Webber e Hamilton. O que de válido Felipe conseguiu foram quatro quintos lugares e seis incidentes com Lewis.

Considerando que Massa é o mesmo de antes do acidente na Hungria, é importante ponderar em cima deste hiato a própria temporada de 2008, que foi, por assim dizer, a atípica em sua carreira de piloto top. A McLaren vinha reorganizando a casa depois de um período turbulentíssimo entre Hamilton e Alonso, e na Ferrari a situação era inversa à do ano anterior. Massa é quem dava as cartas. Mas será que ali a Ferrari não tinha um equipamento muitíssimo superior ao da McLaren e, aliado ao fato de que Raikkonen vinha absurdamente desmotivado depois da conquista do título, isso levou o mundo a pensar que Felipe havia se estabelecido como protagonista na F1? Será que as condições não acabaram superestimando Felipe, daí a decepção com que ele vem apresentando?

Em 2012, a F1 terá um conjunto técnico praticamente igual ao que está sendo usado, de modo que nenhuma equipe deve achar 0s5 ou 1s no meio do caminho, e o cenário tende a ser similar. Há dois anos, Massa é só um complemento na Ferrari. A equipe aguentou este tempo Raikkonen até quebrar seu contrato e mandá-lo caçar sapo e beber vodca. Na Alemanha, algumas publicações, umas sérias e outras sensacionalistas, já começam a soltar que Nico Rosberg conversa com a Ferrari, que se incomoda, sim, em saber que seu segundo piloto não tem o mesmo valor e peso de Webber e Hamilton, hoje coadjuvantes em seus times respectivos.

Se a Ferrari realmente honrar o compromisso, Massa tem de primeiro agradecer por permanecer mais um ano, o último na equipe. Só um título ou uma temporada dos sonhos seria suficiente para persuadir Luca di Montezemolo e seu grupo a um fico. Ou então, cônscio de suas capacidades e situação, fazer o melhor campeonato possível para barganhar numa equipe de médio porte sua permanência na F1 em 2013.