Blog do Victor Martins
F1

Taste of India, 2

SÃO PAULO | O cara não dá nem graça. Não que seja de Vettel a responsabilidade para tal, mas aí ele vai, contorna a primeira curva, à direita, na frente, abre mais de 1 segundo em duas voltas para evitar que quem venha atrás use a asa móvel e dispara e deixa tudo entre o […]

SÃO PAULO | O cara não dá nem graça. Não que seja de Vettel a responsabilidade para tal, mas aí ele vai, contorna a primeira curva, à direita, na frente, abre mais de 1 segundo em duas voltas para evitar que quem venha atrás use a asa móvel e dispara e deixa tudo entre o segundo e o quinto, quiçá sexto. Curioso é atestar que o alemão, que vem pulverizando recordes e mudando o rumo das estatísticas, tenha só conseguido hoje seu primeiro grand chelem – pole, vitória de ponta a ponta e melhor volta. E agora passa a ser o mais novo piloto da história a ser grandchelenizado. É muito transão, como diria o amigo Helmuth Rogano.

A corrida em si foi meio broxante, até pelo que se aguardava deste bom e sujo circuito de Buddh. “Buddh que pariu”, gritou uma hora Roman Atkinson, sem segurar seu Teddy. Foi a melhor cena fora da prova, depois de mais um round entre Massa e Hamilton, desta vez com culpa do brasileiro, que se arremessou sobre o inglês. Viram sob o macacão de Luisão uma camiseta com dizeres “why always me?”, mas a info não foi confirmada.

Sei dizer que essa coisinha entre os dois já meio que passou os limites. O nasal Fábio Seixas chegou a dizer no Twitter que seria de bom grado a FIA dar uma puniçãozinha mais válida a ambos, talvez uma corrida de suspensão. Talvez Fábio tenha razão, o que é bem difícil. A verdade é que a fase dos dois é péssima. E vale dizer que Felipe fazia grande prova, comparando seu desempenho ao de Alonso. Mas aí veio a punição e uma outra zebra salsicha na sua vida. 24 pilotos, e só Massa quebra a suspensão lá, duas vezes. A culpa, creio, não é bem de quem colocou a saliência ali.

Button passou Alonso e Webber na primeira volta e se manteve em segundo o tempo inteiro, segundo melhor piloto da temporada que é. Alonso, terceiro, superou o frívolo australiano na parte final. É absurdo que Markola não chegue ao pódio com um carro desses. É ridículo que não tenha brigado pela vitória em nenhuma das 17 etapas. Quando o consultor Helmut Marko vem a público para achincalhá-lo, no fundo tem razão. E a Red Bull, essa máquina também do marketing, bem que podia colocar Alguersuari, que faz uma segunda metade de temporada excepcional, para correr lá em Abu Dhabi e no Brasil. Um choque de cultura seria bom para o australiano rever a carreira e o que não fez em 2011.

Schumacher à Schumacher de antes, quinto largando de longe, chegou à frente de Rosberg. A Mercedes, quarta força, tem a dupla mais equilibrada da temporada. Nico começou o ano bem, mas é Michael quem vem melhor agora. Seria interessante um carrinho melhor no ano que vem. Para dar uma apimentada na F1 que voltou a ser monótona, já falo disso. Jaimito foi oitavo com esta Toro Rosso que só dá alegria, seguido pela Force India boa de Sutil e este Pérez que tem colocado Kobayashi no nabo incandescente japonês.

Senna fez boa corrida, convenhamos, e se não tivesse de parar para colocar os pneus duros no fim, estaria com algum pontinho no fim. A Renault está na mão inversa da Toro Rosso. Barrichello foi 15º, atrás de Kovalainen e após um toque com o companheiro Maldonado na largada. Este provável fim de carreira na Williams atordoa Rubens, que tem menos de um mês para saber o que vai ser de sua vida.

A F1 começou excelente em 2011 em termos de ultrapassagem e movimentação com as novidades, o DRS e os pneus que desgastam. Apesar de um teor artificial, as primeiras provas foram empolgantes. Ultimamente, as corridas tornaram a ser como as do ano passado. Todo mundo pegou a mão da coisa? Pode ser. As estratégias não têm variado muito. A culpa não está também nas pistas – a de hoje na Índia parecia convidativa a emoções. E Vettel também contribui para tal na medida em que não dá chance para o resto, e ver uma briga pelas posições posteriores realmente não é um alento. O campeonato vai em ritmo de fim de festa. Que nunca é muito animado.