Blog do Victor Martins
F-Indy

O grupo bandeirante

SÃO PAULO | Desde o ano passado eu havia me proposto a anotar o que a Bandeirantes e seu canal por assinatura coligado de esportes fariam com o produto Indy em termos de transmissão, puramente transmissão ao vivo. Tenho quase certeza de que comecei, mas eu deixo tantos blocos à mesa que me perco. No […]

SÃO PAULO | Desde o ano passado eu havia me proposto a anotar o que a Bandeirantes e seu canal por assinatura coligado de esportes fariam com o produto Indy em termos de transmissão, puramente transmissão ao vivo. Tenho quase certeza de que comecei, mas eu deixo tantos blocos à mesa que me perco. No entanto, fiz uma pesquisa bem rápida, face à, digamos, estapafúrdia decisão da emissora de nem passar no Bandsports a decisão do título em Vegas neste domingo, em sequência a uma estratégia adotada nas últimas corridas — muito provavelmente pautada pelo fato de que nenhum brasileiro está como candidato à taça.

Que seja. É, digamos, um desserviço, para me valer de um termo polido. Com o telespectador, com o fã, com os tantos patrocinadores de toda essa bagaça.

17 corridas. Mandaram Luciano do Valle e a trupe para St. Pete para fazer a abertura ao vivo, com pompas, galhardia e tal. TV aberta, pois. As duas corridas seguintes foram parar no BandSports, Alabama e Long Beach, por coincidir com o horário sacrossanto do futebol às 16h. São Paulo, claro, passou na Band, tal como a Indy 500 e a rodada dupla do Texas — porque era de noite. E porque eram de noite, o canal 13 de São Paulo só transmitiu mais uma, Motegi. Iowa foi parar na manhã do domingo porque sábado à noite tinha a farra do boi no Amazonas, me lembra o Gabriel Lima.

Milwaukee, Mid-Ohio e New Hampshire — com certo delay porque a Indy, que colabora e muito para a balbúrdia, antecipou a largada — foram para o BandSports. O resto foi mostrado em VTzão: Toronto, Edmonton, Baltimore, Sonoma, Kentucky. E bota na lista a de Vegas.

Em suma: a Band passou 5 das 17 provas. O BandSports, além das que a principal se propôs a pôr no ar, 5. E 7 foram ajustadas na programação como dava.

Percebo certa grita do público em relação a isso, que é mais ou menos parecido com o que a Globo faz com a Stock Car, uma categoria da qual é parceira. E a Band também é daquelas que gosta de ostentar no peito o pin de apoiadora, sobretudo quando a prova é por estas bandas e faz-se a união com Kassab, Alckmin e (má) companhia. Uma TV que se propõe a comprar os direitos de um campeonato e deixa de exibi-lo, menos de 1/3 ao vivo e mais de um 1/3 em VT, evidentemente é uma bengala prestes a quebrar. Não suporta um peido, dizendo o populacho.

Como disse Enrique Bernoldi há pouco no Twitter, duvidoso do horário em que a corrida de Vegas iria passar, depois muitos não sabem por que não tem mais pilotos brasileiros lá fora. Porque a cultura errada começa daqui. Porque se enraizou na cabeça desta gente, de povo a dirigentes, passando por estes diretores e editores da vida, de que a coisa só presta se tem um semelhante gentílico brilhando, sendo que a vida e seus interesses vão muito além das fronteiras de país.

A postura do veículo é quase um aviso inquisitório indireto. Primeiro, ao público: torçam bastante, obrigatoriamente, pelos nossos pilotos, seus xenos de merda. Segundo, aos próprios pilotos. Helio, Tony, Vitor e Bia, que vençam, seus fracos. Senão a tia brava e malévola não vai deixar vocês brincarem na rua e só vão ver os demais coleguinhas se fizerem direitinho a lição de casa.

Em 2012, os patrocinadores, inexplicavelmente, vão continuar pagando a conta, os sorrisos vão continuar sendo dados nas primeiras provas e o desrespeito será o mesmo — enquanto gente e outros que querem cobrir direito penam para tal. Porque, na direção contrária da vida e dos interesses, certas cabeças ficam bem restritas a algumas tantas divisas.

Adendo: domingo, o acidente e suas consequências amplamente difundidas e preocupantes. A TV aberta não deixou de exibir o programa de Milton Neves e o pós-rodada. A TV paga nem ousou passar a corrida ao vivo. Preferiram só dar no horário programado. Em nome dos compromissos meramente financeiros, abriram mão da notícia e da informação. Com Wheldon, o dito jornalismo da emissora oficialmente se foi.

Adendo 2: notícia de bastidor: durante a corrida da Indy e o acidente fatal de Wheldon, não havia ninguém na redação da emissora…