Blog do Victor Martins
Automobilismo brasileiro

Senna, 25 anos atrás

SÃO PAULO | Ontem à noite, a TV Cultura aqui de São Paulo — e a TV Brasil para o país todo — reprisou uma entrevista feita com Ayrton Senna no fim de 1986. Era o ‘Roda Viva’, no velho estilo do protagonista sentado no centro e envolto de especialistas e uma bancada de espectadores. Estavam […]

SÃO PAULO | Ontem à noite, a TV Cultura aqui de São Paulo — e a TV Brasil para o país todo — reprisou uma entrevista feita com Ayrton Senna no fim de 1986. Era o ‘Roda Viva’, no velho estilo do protagonista sentado no centro e envolto de especialistas e uma bancada de espectadores.

Estavam no programa Galvão Bueno — vestido à Castor de Andrade —, Reginaldo Leme, Claudio Carsughi e o apresentador Rodolpho Gamberini — ambos estão iguaizinhos hoje —, Marcelo Rezende — sem seu “corta pra mim” — e Castilho de Andrade. Sobre este último, quando chamado a perguntar, Senna fez um comentário: “Lá vem bomba”. É o maior sinal de que Castilho era jornalista em sua essência.

E o programa mostra gerações bem claras de jornalistas e pilotos, quando comparado com o que se vê hoje. Quanto ao primeiro grupo, basta dizer que a amizade com o entrevistado tem pesado para um nivelamento por baixo… E dificilmente se vai encontrar um competidor na ativa que diga abertamente o que sente e a realidade por completo porque são muitas as mordaças que lhe são impostas, principalmente em tempos em que falar abertamente representam corte de patrocínios e/ou multas. Nós mudamos.

Evitando falar em (seus) salários, apesar de amplamente cutucado na questão, Senna disse que à época um piloto de time de ponta ganhava em média entre 3 e 4 milhões de dinheiros americanos e que “metade do grid paga pra correr”. Também, que esteve muito perto de correr pela Ferrari em 1987 — e que era seu sonho ir para a equipe italiana — e que a aerodinâmica dos carros se sobrepunha ao talento dos pilotos. Lendas foram quebradas, entenda-se. Ainda, Ayrton foi questionado sobre a segurança na F1 e a morte.

Mas a frase que mais me chamou atenção foi essa: “O brasileiro tá acostumado, em termos de futebol e automobilismo, a ganhar. Quem tá acostumado a comer caviar não quer arroz e feijão”. Longe de ser profeta, a afirmação de Senna, 25 anos depois, é uma total realidade: o interesse do povo aqui no esporte, somado ao que ele se transformou nestas terras, é uma curva descendente.

Em tempo: em São Paulo, a Cultura só marcou 1 ponto no Ibope.

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