Blog do Victor Martins
F1

Cidade-estado, 3

SÃO PAULO | A melhor coisa destas duas horas do GP de Cingapura foi ver Tony Fernandes reclamando de Jaime Alguersuari o tempo todo no Twitter por ter acertado seu piloto Jarno Trulli, sem nunca acertar o nome do espanhol. Como diria minha bisavó, não chamando de ‘filho da puta’, está bom, embora o endinheirado […]

SÃO PAULO | A melhor coisa destas duas horas do GP de Cingapura foi ver Tony Fernandes reclamando de Jaime Alguersuari o tempo todo no Twitter por ter acertado seu piloto Jarno Trulli, sem nunca acertar o nome do espanhol. Como diria minha bisavó, não chamando de ‘filho da puta’, está bom, embora o endinheirado malaio tenha pensado nisso. Mas a corrida em si foi aquilo desta temporada: Vettel larga, faz a primeira curva na frente e se vai, e como um satélite desgovernado, ninguém mais vê.

Com cinco voltas, Vettel já tinha aberto uma distância de 7 segundos para Button, segundo facilmente depois que Webber largou mal pela 76ª vez no ano e derrubou Hamilton consigo. Não há Roberto Shinyashiki no mundo que motive um piloto a tentar algo. O negócio era ver se depois da longa corrida, Vettel comemoraria o título. Em nenhum momento, a combinação de resultados apontou para tal porque Button cantou o refrão preferido do colega alemão, o “daqui não saio, daqui ninguém me tira” também.

Aliás, pecado, mesmo, Button estar guiando o fino e não ser campeão. Pena.

Alonso também jantou Webber na largada e só perdeu o terceiro lugar porque os pneus da Ferrari dissolvem tão rápido quanto os da Mercedes. Assim, o espanhol, tal como Massa, foi obrigado a parar antes que os demais. Ainda que depois das paradas volte na frente dos rivais, o ciclo do desgaste impede que a defesa da posição dure. E olha que Webber só retomou o lugar no pódio depois de uma cochilada de Fernandito na relargada pós-safety-car, acionado com a piaba que Schumacher deu em Ligeirinho Pérez. Assim ficou entre os quatro primeiros.

Hamilton e Massa, que deveriam completar o grupo dos seis primeiros, na verdade completaram a manobra de choque que foi ensaiada ontem no Q3. O inglês quis porque quis passar o brasileiro na fase final da classificação, aos que não se recordam, e hoje deu um toque evitável em Felipe ao tentar ultrapassá-lo ainda no começo da prova. O pneu de Felipe e a paciência foram para o espaço. Bastardo!, gritou Massa, no que pôde ir para o ar na transmissão da TV. Os dois foram para os pits, Hamilton para trocar a asa dianteira e, posteriormente para pagar a punição, e acabaram partindo juntos para uma recuperação. Digamos que Hamilton tenha conseguido e foi passando todo mundo para chegar em quinto. Massa penou para superar Pérez e ser nono. E depois da prova, digamos que Massa foi atrás de Hamilton pra tirar satisfação, em cena que quem acompanhou descreveu como patética. Chamaram o Ratinho, e tudo foi resolvido.

Hamilton e Massa não precisam apenas tirar a zica, digamos assim. Também ouvi por aí que o primeiro precisava de um psiquiatra. Mas na verdade, um pouco mais de pilotagem, e cabeça, cairia muitíssimo bem.

Di Resta foi o nome da prova. A Force India, cônscia de que sairia pelo menos com nono e décimo lugares, variou na estratégia e pôs o escocês para um primeiro trecho de corrida mais longo, numa clara tentativa de fazê-lo parar uma vez menos — já que o tempo perdido nos pits de Cingapura é deveras exagerado. Sem Massa e Hamilton, o companheiro e as Mercedes já com uma parada no bolso, lá estava Paul em quinto. Aí veio o safety-car, tal, as coisas realinharam, e ainda assim ele se manteve impassível e só passado por Hamilton, que voava com pneus novos no fim. É um cara ótimo, de fato, e não à toa é o único garantido no time em 2012. Sutil foi oitavo, atrás de Rosberg e seu fixo sétimo lugar.

Barrichello chegou a beliscar a zona de pontos, mas teve de amargurar com o 12º posto. Agora a Lotus Renault foi uma piada. Andou no ritmo da xará verde, tanto que Kovalainen terminou a prova à frente de Petrov. Senna teve problemas, parou uma vez mais para trocar o bico, e ficou à frente de ambos. Essa só entra para a conta de Bruno como a virada sobre o parceiro, num comparativo direto. E que a vida não é tão fácil assim no time em que Petrov paga a conta e ele leva patrocinadores, pelo que andei ouvindo por aí.

Basta a Vettel pontuar no Japão, isso se Button, agora segundo na classificação, vencer. Pura teta de nega, e vai ser em Suzuka a grande decisão. Um palco muito mais valoroso para que Sebastian chegue ao seu pujante título e, certamente, com uma corrida muito mais interessante que a de hoje.