Blog do Victor Martins
Automobilismo brasileiro

Ganha, mas não pontua

SÃO PAULO | E ontem veio à tona mais um capítulo da péssima condução do automobilismo brasileiro, agora no terreno desportivo: a primeira vitória de Alceu Feldmann na Stock Car não vai computar pontos para o paranaense no campeonato, tal como o segundo lugar de Marcos Gomes, que é um dos dez pilotos que disputam […]

SÃO PAULO | E ontem veio à tona mais um capítulo da péssima condução do automobilismo brasileiro, agora no terreno desportivo: a primeira vitória de Alceu Feldmann na Stock Car não vai computar pontos para o paranaense no campeonato, tal como o segundo lugar de Marcos Gomes, que é um dos dez pilotos que disputam o playoff da categoria. A razão é que não foram encontrados os 3 L de etanol necessários para vistoria após a corrida.

Na primeira prova do ano, Felipe Maluhy havia tido problema semelhante, e à época o regulamento previa que o piloto perderia, como perdeu, 30 pontos no campeonato. A grita foi tamanha que todos os pilotos acabaram se reunindo, na etapa passada, para pedir que a punição fosse demovida. Foi feito um adendo, então, e aí decidiu-se que, para o caso, o piloto acabaria não pontuando. Tudo para que não se mexa em uma quase cláusula pétrea recente: a de que o resultado não pode mudar depois da bandeirada de chegada.

Aí a gente vai ao site da douta CBA, na área de regulamento da Stock Car, e já entende como as coisas são mal conduzidas pelo número de adendos feitos nas partes técnicas e desportivas. Essas alterações são tamanhas que ontem se chegou a pensar que a corrida não havia tido vencedor — o que não é difícil por estes lados. Aí a gente analisa em si a regra: o vencedor não leva 25 pontos, o segundo não leva 20, e o terceiro, Cacá Bueno, leva os 16 referentes. Quer dizer, Cacá, que chegou atrás, aplicou uma vantagem de 16 pontos sobre Marcos. Aí vamos supor que Gomes, no playoff, apresente a mesma irregularidade nas três próximas provas, mas as vença. Terá somado zero ponto e não será campeão. Mas vai lá constar para as estatísticas como ganhador. Fascinante.

Não vou me estender mais. Não vale a pena.

Adendo: a frase é de alguém de dentro da CBA, defensor de causas: “Regulamentos não têm que ser claros, precisam dar margem a interpretações”. Com essa, me despeço.