Porque juntou Serrinha, Khodair, Popó e Camilo num primeiro momento. Os quatro começaram a trocar posições, sem superar Gomes. Camilo, aliás, chegou a ficar em quinto neste bolo, até que em manobras externas no S do Senna e na Curva do Sol escalasse o pelotão para, na reta principal, efetuar a manobra de ultrapassagem sobre o então líder. Uma vez livre, Thiago abriu uma vantagem comodíssima. Ganhou ali a prova, ainda que apresentasse um problema na direção hidráulica, e vai gastar parte do dinheiro na construção de uma mansão luxuosa num condomínio fechado — e mais uns tantos mil dinheiros na balada de hoje, certeza.
A resistência bravia de Gomes fez com que o segundo pelotão se aproximasse, e nele estavam Nonô, Max, Átila, Campos, Pizzonia e os irmãos Ricardo e Rodrigo Sperafico. O push-to-pass acabou sendo fundamental para a derrocada de Marcos, que ficou em 11º e novamente frustrado ao não ver o milhão na sua mão pelo segundo ano seguido largando na pole. No vaivém das voltas e das brigas, Khodair viu-se tocado por Popó, em um incidente aparentemente de corrida, e Nonô e Max foram para as cabeças para brigarem pelo último lugar no pódio, visto que Serra, como Camilo, consolidava seu posto. No fim, a espetacular corrida de recuperação de Wilson, que saiu em 30º, o premiou. Nos boxes, teve quem perguntasse para Figueiredo: “E ae, Nonô?”, naquele tom da propaganda com o surfista, bem descolada. Ele se emburrou.
Sobre Villeneuve, 18º lugar. Ouvi e li por aí uma série de gracejos e coisinhas, “ah, pagou mico”, “ele estava na Mico’s, normal,” rsss, huahuahua, e demais risadinhas cretinas e juvenis. Vamos a umas constatações: o cara chega numa quinta-feira, anda duas horas com um carro que nunca guiou e, pelo simples fato de ele ser campeão de F1, Indy e ter vencido a Indy 500, tem obrigação de pegar a manha e o traquejo do veículo? Cacá Bueno, no WTCC, tem de ter os mesmos resultados que tem na Stock, assim, de prima? Se Khodair, Serrinha e Átila forem chamados agora pela GP2 para fazerem o fim de semana em Spa-Francorchamps e voltarem aos monopostos, espera-se deles que andem mais rápidos que Grosjean, Filippi e até mesmo Razia? Diante das condições, ter liderado a corrida — e quedê a TV mostrando Jacques ou mesmo Ricardo Sperafico na liderança? A Shell, que promoveu essa vinda, deve ter ficado muito feliz… — e acompanhado o ritmo do pelotão do meio está bom e decente demais. Vai aí um conselho ao marketing da Shell: por que não chamá-lo para o resto do campeonato e ou para os playoffs?
Há de se dizer mais uma verdade: pode ter lá seus infindáveis defeitos e problemas, mas a Stock Car tem um grupo de pilotos de altíssimo nível. E não cabem nos dedos da mão, não: vão além. É gente de qualidade que precisava ser tratada com mais respeito por essa gente que compõe o campeonato, tipo CBA (pfff!), Vicar e JL.
A memória não precisa ser seletiva: é a primeira vez que dedico um texto para falar unicamente de uma corrida da categoria. Não pude ir a Interlagos por motivos trabalhísticos — acompanharei a deliciosa Indy hoje —, mas pelos relatos da incisiva Juliana Tesser e da pré-demitida Evelyn Guimarães, além dos demais, me parece que o evento foi bacana e houve organização — apesar de esta e alguns outros terem tentado, digamos, queimar nosso isento e imparcial trabalho para Villeneuve; coisinha bem tosca, mas que não é de estranhar pela pequenez alheia. Oxalá, como diria minha tetravó, fosse sempre assim, a caríssima Stock Car. Má vá, sabe-se bem que não será.
Para encerrar, nada mais justo para Gomes um consolo…