Blog do Victor Martins
F-Indy

Os circuitos rebeldes

SÃO PAULO | Alá mais uma bucha para Jean Todt. A tentativa de fazer da F1 uma ecocategoria está promovendo nos bastidores um novo racha. Mas desta vez não envolve equipes ou montadoras. A questão gira em torno da grande maioria dos circuitos que integram o calendário, que ameaçam romper ou não renovar seus contratos […]

SÃO PAULO | Alá mais uma bucha para Jean Todt. A tentativa de fazer da F1 uma ecocategoria está promovendo nos bastidores um novo racha. Mas desta vez não envolve equipes ou montadoras. A questão gira em torno da grande maioria dos circuitos que integram o calendário, que ameaçam romper ou não renovar seus contratos se o Conselho Mundial corroborar amanhã a ideia de reduzir a capacidade e a potência dos motores a partir de 2014.

O jornal inglês ‘Express’ vai às bancas na manhã desta segunda-feira com a informação de que 17 dos 19 organizadores de GPs — incluindo o do Brasil — concordaram em deixar de sediar corridas caso o WMSC ratifique a decisão tomada em Londres pela Comissão da F1 na última quarta-feira de modificar as especificações dos propulsores, reduzindo sua capacidade de 2,4 L para 1,6 L — mas com retorno dos turbos —, com seis cilindros em ‘V’ e giros no máximo em 12 mil rpm, num movimento da FIA que vai de encontro com as expectativas ambientais de redução de emissão de poluentes.

Os circuitos são diametralmente contra. Motores com menor capacidade vão cortar, e muito, o som produzido pelas unidades, e isso poderia provocar uma queda vertiginosa no público que vai aos autódromos. Como a organização só lucra com o dinheiro vindo das entradas, natural que se oponham à ideia, até porque pagam bastante para fazer parte da exclusiva patota de Bernie Ecclestone. De acordo com o ‘Formula Money’, este custo geral é de R$ 1,75 bilhão. A grana de propagandas, taxas e afins cai direto na conta da CVC.

O líder dos organizadores rebeldes é Ron Walker, da Austrália — que vira e mexe vê sua corrida ameaçada justamente porque dá prejuízo. Walker esteve na reunião na condição de representante dos demais colegas e lá expressou, por uma carta, seu descontentamento e dos outros 16. Os únicos que não entraram nesta queixa foram China e Coreia do Sul. Os circuitos querem pelo menos a manutenção das atuais rotações, 18 mil giros. “Nenhum país destes têm uma política contra a emissão de carbono”, e mencionou que se fizessem isso em seu país, “o governante seria demitido”.

A ameaça não é simplesmente deixar a F1. É integrar o calendário da Indy. “Ela daria seu braço direito para entrar nestes países”, provocou Walker. Aqui em São Paulo, a história seria de muitíssimo bom grado para os representantes da categoria norte-americana. Interlagos só não pôde receber Penske, Ganassi e companhia porque a F1 é praticamente dona do autódromo, via TV Globo — daí ter feito aquele circuito de rua beira-rio Tietê. Walker disse que está inteiramente respaldado por Monza e Monte Carlo, por exemplo. “Posso garantir 100% que eles não vão receber a F1 se acontecer.”

Segundo Walker, Bernie Ecclestone “apoia totalmente a posição dos circuitos” e jogou a bomba nas mãos do presidente da FIA. “É muito bom Jean Todt dizer ao mundo que nós queremos ser ‘verdes’, mas isso arruinaria o show porque o som é parte do negócio”, declarou.