Blog do Victor Martins
F1

Bordos, 2

SÃO PAULO | O Fernando Silva vai me permitir usar uma frase que cunhou há poucos dias, com muita propriedade: “Vettel vai além do céu porque não tem limite”. Ele até tenta dar aquele gostinho, mas é pérfido o bastante para ver os adversários salivando frustração, procurando aqui e ali a razão por seus décimos […]

SÃO PAULO | O Fernando Silva vai me permitir usar uma frase que cunhou há poucos dias, com muita propriedade: “Vettel vai além do céu porque não tem limite”. Ele até tenta dar aquele gostinho, mas é pérfido o bastante para ver os adversários salivando frustração, procurando aqui e ali a razão por seus décimos perdidos nos trechos da pista. Era no Canadá a chance da Ferrari sonhar com uma polezinha e proporcionar aos jornalistas a benesse das manchetes que indicavam um rescaldo de mudança na F1. Nada. Sebastian foi lá e créu!, para chegar ao paladino das estatísticas como um dos dez maiores de todos os tempos.

Vettel tem a precisão de Senna para uma volta rápida. Portanto, já supera Alonso neste quesito. Tem mais cabeça e habilidade que Hamilton. Apresenta traços de Button no trato com o carro. Sabe dominar como fazia Schumacher em seus tempos da brilhantina. É um piloto completo — consequências que dão um título. E sabe se desculpar com a equipe quando comete um erro. Foi assim na Turquia, e depois do acidente de ontem em Montreal, carregava em si a incumbência de devolver para a equipe no sorriso e na alegria o prejuízo material.

Tudo muito bem, mas a corrida para Vettel deve ser bem difícil. Mesmo que seja em pista seca, a Ferrari apresenta um bom ritmo de corrida. E com estes pneus e as várias estratégias, a vantagem que o conjunto Red Bull-Vettel inexiste. Além disso, a Ferrari tem largado bem — embora a reta em Montreal seja muito curta, e Vettel precisaria de um desatre no Kers para perder posição para os carros vermelhos.

Massa e Alonso estão na briga. E, por enquanto, em igualdade de condições. Foram só 0s018 de diferença a favor do espanhol, na bacia das almas. Seria até mais interessante para ambos que não chovesse, provavelmente. Mas como Massa foi no banco da frente no carro que os encaminhou para a coletiva, isso significa alguma coisa. Certeza absoluta. Não para alguns, mas é.

Webber, coitado, mais meio segundo na lomba. Webber está sendo o Massa do ano passado. E a Red Bull talvez não tenha a política, para não dizer paciência, necessária para manter um piloto que não consegue ao menos formar uma dobradinha no grid ou na corrida. É outro que precisa de uma aparição à la China — e, votecontá, uma boa corrida em seis ano é um atestado de afastamento.

Mercedes e McLaren vêm numa mesma balada, com Hamilton ligeiramente melhor que Button. Mas isso já é sabido. Na corrida, Button vem na sua toada, concentrado e gentil, e os prateados são bons de estratégia. A Mercedes, no fim das contas, acaba brigando entre si pelo sétimo lugar. A Renault é firmemente a quinta força e só.

D’Ambrosio, que já virou Ambrósio na TV, não deveria largar, mas os comissários liberaram. Pra que existe a regra dos 107%, cazzo? A Virgin é ruim demais, mas o cabra também é meio limítrofe. Dizem que a equipe vai lançar um pacote novo na Inglaterra e depois pensa em 2012. Sei lá, poderia pensar em ir pra a GP2, GP3, pra bem longe. A Williams deu um leve passo à frente, mas nada que a fizesse ir para o Q3. Maldonado tem sido mais rápido que Barrichello desde o GP da Espanha. É algo que começa a ser significativo. De la Rosa fez lá seu papel na Sauber, às pressas, e Kobayashi deu seu showzinho com um carro desequilibrado. Amanhã o mito vem.

Para não arriscar o óbvio, hã, vou de Alonso amanhã. Numa corrida com 2 safety-cars. Sob chuva. De qualquer forma, certamente bastante interessante.