Blog do Victor Martins
F-Indy

Hoosiers, 11

INDIANÁPOLIS  | De novo, o Bump Day acabou reservando para si toda a tensão que envolve a formação do grid de largada para as 500 Milhas de Indianápolis, a mais tradicional prova do calendário da Indy. A chuva foi a grande protagonista do dia. Por conta da pista molhada, o treino foi interrompido duas vezes […]

INDIANÁPOLIS  | De novo, o Bump Day acabou reservando para si toda a tensão que envolve a formação do grid de largada para as 500 Milhas de Indianápolis, a mais tradicional prova do calendário da Indy. A chuva foi a grande protagonista do dia. Por conta da pista molhada, o treino foi interrompido duas vezes e gerou enorme expectativa entre aqueles que ainda precisavam de tempo para registrar voltas rápidas.

Carsten Horst/Grande Prêmio
 

Mas nem todos sofreram. Paul Tracy, por exemplo, não enfrentou qualquer drama para se posicionar em 25°, o melhor do dia. Já Danica Patrick chegou a ficar ameaçada, sim, mas depois da segunda paralisação, foi à pista e colocou o carro 7 da Andretti no grid, em 26°. Ryan Briscoe, com um Penske melhor acertado neste domingo, também assegurou o 27° posto. Marco Andretti, Charlie Kimball e Graham Rahal garantiram na sequência o 28°, 29° e 30° lugares. O grid, então, foi completado por Alex Lloyd, Pippa Mann e Bia Figueiredo — que larga em último, o que não quer dizer que tenha sido ameaçada.

Raphael Matos, embora tenha tentando até o fim, não conseguiu encontrar o desempenho suficiente e está fora das 500 Milhas, prova que acontece no próximo dia 29, com pole do canadense Alex Tagliani, da Sam Schmidt.

A chuva era fava contada a partir das 12h. Chegou, com exatidão, às 12h07, pegando um pedaço da volta final de classificação de Graham Rahal, mas não atrapalhando o piloto, que completou os quatro giros obrigatórios em 2min40s442, e às 12h10 com intensidade que fez até pensar que o fim do mundo apregoado pelo tal pastor havia chegado um dia mais tarde. Antes dele — de Rahal, não do pastor —, apenas Bia Figueiredo havia ido à pista. Sem apresentar a velocidade vista em seu carro pela manhã, a pilota da Dreyer & Reinbold marcou 2min40s801.

Carsten Horst/Grande Prêmio
 

Foram necessárias 2h15min para que a pista fosse reaberta, ainda sob ameaça de chuva. Matos, então, reabriu os trabalhos e fez voltas consistentes. Porém lentas. 2min41s238 o levaram para o último lugar. No outro extremo, Briscoe fez o que dele se esperava e pôs o carro da Penske na ponta, que neste caso significa o 25º posto. Alex Lloyd veio depois e só conseguiu algo melhor que Raphael.

Pippa Mann e Charlie Kimball seguiram o bonde e entraram no grid, sem muitos sustos — muito embora os dois ainda se mostravam apreensivos depois, torcendo por chuva. Ryan Hunter-Reay, com o carro capenga da Andretti, sofreu. Mike Conway, mais ainda. Conway era o 31º naquele instante, jogando Matos para a bolha. Estava completo, momentaneamente, o grid com 33 carros.

O primeiro a ter a tarefa de fazer Raphael ser ‘bumped’ foi James Jakes, da Dale Coyne. Passou longe disso. Depois apareceu Sebastián Saavedra, colombiano da Conquest. Idem. A torcida de Matos não seria suficiente contra Marco Andretti. O norte-americano não foi lá tão bem assim, mas acabou sendo 0s3 melhor que o brasileiro. Que, desolado, sentiu o golpe assistindo a tudo na garagem de seu time, a AFS.

Raphael ainda veria seu nome cair para 35º com a sequência voadora de Paul Tracy, companheiro de Bia na Dreyer & Reinbold: 2min40s043, melhor tempo do Bump Day. E olha que quase o negócio virou água. “Eu comecei a terceira volta e comecei a ver água na minha viseira e pensei: ‘Ah, não, tá brincando comigo, o que falta mais acontecer comigo?'”, e o glorioso canadense de 43 anos entrou fácil depois de se ver fora da corrida no ano passado.

E a chuva ressurgia no cenário, para desespero de Danica Patrick, a última na fila para se classificar.

Carsten Horst/Grande Prêmio
 

Mais uma hora e pouco de tensão e secagem, lá ia Danica, às 16h45, para sua chance. E fez com tranqüilidade e velocidade: 2min40s098, posição à frente da Penske de Briscoe e alívio garantido. Não para o companheiro Marco, que passou a ficar na ‘bolha’.

A segunda rodada de tentativas foi aberta com Matos. Seu carro, segundo o piloto, não havia tido mudanças radicais em relação à primeira oportunidade. Mas o tempo mudou, sim. Para pior: foi meio segundo para cima, e Raphael seguia sem entrar na prova. Mesma situação vivenciaram Conway, Saavedra e Lloyd, que abortaram suas participações ao repararem que não haviam conseguido média para tirar Andretti.

O jogo foi sendo jogado, e o próprio Marco mais Hunter-Reay e Bia retiraram seus carros da fila para não correrem o risco visto por Tracy e Jay Howard no ano passado — os dois foram à pista no fim, fizeram tempos piores daqueles que já tinham e promoveram a entrada de Saavedra na corrida. O jogo continuou quando Lloyd foi lá alinhar e o chefe Dale Coyne deu uma de ‘johnny-armless’, achando que a tentativa anterior que não havia sido completada não valia para o total de três a que cada um tem direito. Saíram da linha rapidinho.

O primeiro a esgotar sua participação foi Conway. Tentou lá, mas quando na primeira volta surgiu uma média de velocidade na casa de 221,2 mph, trouxe o carro de volta para os boxes e ficou sentado perto do carro, atônito, olhando para o nada. O vencedor da etapa de Long Beach não vai correr em Indianápolis. Tal como Saavedra. Tal como Matos.

O brasileiro já notara que na primeira volta não alcançaria o tempo de Andretti. Deu mais duas para confirmar. E se foi para os pits.

O único que poderia, então, desbancar Marco era Lloyd. E a cada volta sua, urros e aplausos da torcida: o inglês obteve média de 223,9 mph e foi parar em 30º, jogando Hunter-Reay para a bolha e Marco para fora.

Carsten Horst/Grande Prêmio
 

Jakes, então, voltou para não fazer nada de revelante. Faltando menos de 2 minutos para fim, eis que Andretti vinha para a desforra. A questão é que era uma briga caseira: se vencesse, mandava seu companheiro para o limbo. De qualquer forma, ali se via que a equipe Andretti não teria dois carros na prova. E quem fez companhia para Conway foi Hunter-Reay, mesmo. Marco pôs seu carro 26 na 28ª posição.

Matos tornou-se hoje o primeiro brasileiro a não se classificar para a prova em 16 anos, repetindo Emerson Fittipaldi e Marco Greco na última 500 Milhas antes da cisão da Indy.

A Indy 500 acontece na semana que vem. Não para cinco pilotos e a dupla/o trio da Dragon, Ho-Pin Tung, Scott Speed e Patrick Carpentier. É a vida, e o show tem de continuar. Show por muitas vezes ingrato, esse, o da Indy.