Blog do Victor Martins
F1

A crise da Williams

SÃO PAULO | Crise na Williams, estão gritando por aí em todas as partes do mundo, quando não se fala em Osama bin Laden, sobre quem matou, com que arma e em que lugar ou até se mataram, mesmo. Bastou um trio de corridas fora do eixo europeu para que Grove chacoalhasse. Sam Michael, diretor-técnico, e Jon […]

SÃO PAULO | Crise na Williams, estão gritando por aí em todas as partes do mundo, quando não se fala em Osama bin Laden, sobre quem matou, com que arma e em que lugar ou até se mataram, mesmo. Bastou um trio de corridas fora do eixo europeu para que Grove chacoalhasse. Sam Michael, diretor-técnico, e Jon Tomlinson, aerodinamicista-chefe, vão pedir o boné no fim da temporada. Adam Parr, atual presidente da equipe, chegou a se demitir, mas Frank Williams não aceitou. E o cofundador Patrick Head vai se aposentar.

A solução que encontraram foi chamar Mike Coughlan, um dos pivôs daquele caso de espionagem em 2007 que culminou em sua expulsão da McLaren e seu banimento por dois anos na categoria. Bafo!, definiu Flavio Gomes.

A derrocada da Williams em 13 anos é algo que merece uma minuciosa análise, depois do ápice vivido entre 1992 e 1997 e apenas um esboço de pico em 2003 e 2004.  Villeneuve deixou o time depois da primeira temporada ruim, Zanardi foi um fiasco, Button era um principiante e nada pôde fazer, Ralf Schumacher nunca teve a capacidade do irmão, Montoya — quem mais chegou perto — se cansou depois de três anos, Heidfeld e Webber foram ritos de passagem, Rosberg até tentou e deu um sopro de esperança e, agora, Barrichello é quem pega esta fase. 

Barrichello foi contratado pela Williams numa condição bem diferente da destes demais. De todos, é o único que apresentava uma ficha de vasta experiência, com os itens ticados rápido, acima da média e, principalmente, grande acertador de carros. Rubens vinha em evidência pela disputa de título contra o companheiro de Brawn, Button. O contrato acabou juntando, num termo popular, a fome e a vontade de comer.

A Williams não teve como fazer um carro ao gosto de Barrichello em 2010 por o acordo ter sido tardio, com o projeto do carro engatilhado. O brasileiro foi desenvolvendo o modelo ao longo do ano, mas como resultado final ficou só o gosto de ter vencido a Force India, ex-Jordan, a equipe que lhe promoveu à F1 há 18 anos. Desde então, teve tempo para conhecer bem seu funcionamento e evidentemente foi peça fundamental na concepção do FW33, carro que veio definindo na pré-temporada como melhor do que o do ano passado e que lhe devolveu o discurso de que poderia voltar a vencer.

Mas com um 13º lugar e dois abandonos (Maldonado também não completou duas provas), Barrichello e todo mundo já notou que a coisa não é bem assim. O carro é muito ruim. A Williams de hoje é só melhor que as três novatas — e por pouco da Lotus. Hoje, Parr falou assumidamente em fracasso, e o time precisou promover todo esse remanejamento. Barrichello, o cara que dá as informações do que tem de ser feito para melhorar, tem sua parcela de culpa — que seja mínima, mas tem —, e com a casa caindo, deve se transformar no pedreiro-chefe para reconstruí-la quase que do zero até o fim do ano.

E num lado mais pessoal, Barrichello vai ter de se superar para que naquele seu extenso currículo de ótimos serviços prestados não conste um carimbo de fracassado em sua passagem pela Williams e evite começar a dar um triste e nem um pouco merecido contorno final à sua carreira na F1.