Blog do Victor Martins
Stock Car

Sobre Berti

RIBEIRÃO PRETO | A última e única vez que escrevi a respeito de Sérgio Berti foi há pouco mais de dez dias, em que eclodiu na imprensa a desavença dele com os pilotos por conta daquela sua declaração de que os acidentes precisavam acontecer para que algo melhorasse no automobilismo. Disse que não o conhecia pessoalmente, mas […]

RIBEIRÃO PRETO | A última e única vez que escrevi a respeito de Sérgio Berti foi há pouco mais de dez dias, em que eclodiu na imprensa a desavença dele com os pilotos por conta daquela sua declaração de que os acidentes precisavam acontecer para que algo melhorasse no automobilismo. Disse que não o conhecia pessoalmente, mas que, se havia dado tal declaração, seria melhor que revisse alguns conceitos.

Hoje de manhã, peguei o regulamento da direção de prova e vi que o nome de Mirnei Piroca constava em seu lugar. Não que Berti tenha sido rebaixado para o Mini Challenge — ele já seria o diretor. A CBA, que pretendia segurar a bronca, não conseguiu. Ganharam os pilotos. Alguns, devo dizer. Nem todos concordaram em colocar sua assinatura no corta-cabeça que fizeram ontem.

Pois Berti veio à sala de imprensa. Trajado com a camiseta branca e o símbolo da entidade e aparelhado e conectado com a torre de controle, Berti conversou um tempo com os assessores da Stock Car. Eu me aproximei, me apresentei e antes das primeiras palavras, veio um suspiro. Foi a nós, Grande Prêmio, que Berti deu suas únicas declarações. E ele não queria mais declarar nada a respeito do caso, em caráter oficial, digamos assim. Nada de gravador ligado e tal. Começamos a conversar, e ele não poderia ter sido mais franco.  

Primeiramente, Berti foi um cara extremamente educado — fato corroborado por pessoas que com ele convivem, como demais colegas jornalistas, e até mesmo pela bola de fogo ter sido formada através do Grande Prêmio, envolvendo Cacá Bueno e Thiago Camilo. Acabou falando do caso, sim, das palavras que mencionou no briefing em Interlagos e da situação em que foi dita. Pontuou que foi afastado e virou alvo sem ter seu trabalho diretamente questionado. Falou que duvida que alguém questione sua condução na direção da corrida da Copa Montana em que Gustavo Sondermann morreu, tanto na autorização para que houvesse a largada quanto na segurança que proporcionou à equipe de resgate.

E contou, entre algumas pausas para ouvir o chamado da torre, que mal conseguiu dormir esta noite.

Eu não tenho apego ao cargo, desabafou Berti, e me permitam não colocar as aspas. Eu não tenho apego a poder, nem nada. Eu aceitei vir aqui porque era uma evolução natural e eu ganho para isso. Então se for comissário ou diretor, não tem problema, continuou. E aí se percebe, em poucos minutos, que Sérgio foi no máximo infeliz naquela declaração, mal interpretado, e que realmente foi defenestrado do posto porque há muitas influências, as mesmas que tiraram Carlos Montagner no ano passado depois da corrida justamente aqui em Ribeirão Preto.

“Eu converso com você sobre tudo, mas não vou falar mais do que aconteceu com o filho do Galvão”, agora com aspas, e Berti se foi para cuidar da prova do Mini.