Blog do Victor Martins
F1

Mal Azia, 4

SÃO PAULO | Vamos com calma, que são muitas coisas a se pontuar. A primeira é que a corrida na Malásia foi de boa pra cima. Até mesmo o fim, que costuma ser descartável em sua maioria, rendeu. Num circuito largo e de longas retas como o de Sepang, a combinação KERS + DRS + UGH (pneus da Pirelli […]

SÃO PAULO | Vamos com calma, que são muitas coisas a se pontuar. A primeira é que a corrida na Malásia foi de boa pra cima. Até mesmo o fim, que costuma ser descartável em sua maioria, rendeu. Num circuito largo e de longas retas como o de Sepang, a combinação KERS + DRS + UGH (pneus da Pirelli que vão se jorrando pedaço e transformando a pista numa caca emborrachada) funcionou bem. E pôs alguns pingos nos is nesta temporada.

Primeiro que a disparidade de Vettel para Webber é colossal. Um largou atrás do outro, em posição física. O primeiro completou a volta inicial na posição da pole, e o outro foi parar em décimo. Nas duas ou três vezes que tentou passar Kobayashi, tomou de volta do mito. Preso e sem avançar, a Red Bull se viu obrigada a alterar a estratégia, chamando o trambolho australiano mais cedo para os pits. Com pneus que não duravam mais do que 15 ou 16 voltas, ali se via que a tática do segundo piloto era parar quatro vezes. Ou seja: se os outros pensavam em poupar, a corrida de Webber era andar rápido para todo e sempre.

Ao resto, o comum numa prova sem chuva — de quem da meteorologia cobro por ter apontado 90%, tempestade e não sei o quê?; apamerda —, seriam as três paradas, como acabou acontecendo aos três primeiros. Vettel não foi acharcado em nenhum momento principalmente por causa das primeiras voltas, em que Heidfeld surgiu numa largada estupenda, pulando para segundo e minando por completo qualquer chance de Hamilton. O alemão certamente não sai de Sepang com a mesma impressão da corrida dos outros: passeou sem ver o agito de quem tentava persegui-lo.

O vaivém dos boxes meio que camufla e esconde quem está realmente bem ou mal. Num primeiro momento, Webber parecia fadado ao cadafalso e só não pegou pódio porque fraquejou no fim diante do ótimo Heidfeld. Button parecia ficar de canto, perdendo terreno até para a Ferrari, e no fim das contas apareceu em segundo, melhor que Hamilton. Hamilton, que pensava em chegar em Vettel, perdeu rendimento de vez quando foi tocado por Alonso, de quem pouco se esperava na corrida, até por ter ficado bom tempo atrás de Massa — sem atacá-lo, note-se. Na bandeirada, então, VET, BUT, HEI, WEB, MAS, ALO e HAM. Só PET das quatro grandes não completou. Seria oitavo, fácil.

Aí depois puniram ALO e HAM, só para darem trabalho para corrigirmos tabelas de classificação e de resultado. Os comissários disseram que o primeiro provocou uma colisão e que o segundo mudou a trajetória mais de uma vez para se defender.  Poderiam ter escrito embaixo, no documento, no francês da FIA: pute frescurité. Então acrescentem do inglês antes um KOB.

E Massa fez um corridão hoje. Sei não se um pódio não era possível caso não tivesse ocorrido aquela pequena demora na primeira parada, pela roda dianteira esquerda mal colocada. Não se intimidou com Alonso, de novo o superou na largada, e nas idas e vindas da corrida, acabou bem na frente do espanhol. Que deve estar putito e cheio de mimimi pra fazer por isso e pela, hã, afobação ao tentar passar Hamilton. Ainda teve de dar explicações na sala de chá e café dos comissários. Como diria o narrador, tudo isso é bom pra Massa.

Por outro lado, ficou claro que a Mercedes e a Williams são fiascos independente das paradas nos pits. Schumacher ainda fez muito em somar dois pontinhos depois de tomar quatro ultrapassagens de Kobayashi, o supremo (aliás, a Red Bull bem que podia soltar um comunicado destes de pegar meio mundo de surpresa, mesmo quem está ‘in loco’, com uma demissão de Webber e KOB em seu lugar; seria fascinante, eu diria). Voltando. Rosberg certamente fez sua pior prova na casa prateada. Mal chegou a andar entre os dez primeiros. Sofreu na mão de Toro Rosso e Force India. A Petronas nem apareceu na TV. Vai ter um crack na bolsa malaia amanhã. Enfim, se na Austrália o carro havia sido mal acertado, agora se chega à conclusão de que o carro é mal feito, isso sim. A Mercedes vai levar uma sova da Renault, até de Petrov, com seu Lotus Sputnik com direção ejetável. E a Williams, também, votecontá, o carrinho quebra que é uma beleza e não parece ser melhor que o do ano passado, como tem indicado Barrichello. Ser pouca coisa melhor que a Lotus é para derrubar as ações da equipe na bolsa de Frankfurt.

E falando em bolsa, Vettel já leva 50 pontos na sua. A China é o fim da primeira perna do Mundial, na semana que vem. Os carros que todo mundo viu hoje irão para Xangai sem modificações, portanto. Não há nenhuma razão para se pensar em outra coisa que não seja a tripleta de Vettel. É cedo, tal, mas vamos e venhamos: não tá com uma cara de que Sebastian vai enfiar todo mundo no mesmo saco logo, logo? Agora já são 24 pontos de vantagem para Button. E olha que os taurinos não têm muito bem definido como usar direito o sistema de energia cinética. Quando se acertarem bem com a pilha AA, vão parecer aquele coelhinho que batucava muito mais do que os outros.