SÃO PAULO | Reproduzo parte do texto de Felipe Paranhos no Grande Prêmio, que entrevistou o diretor de prova Sérgio Berti. Apenas para contextualizar, tanto Cacá Bueno quanto Thiago Camilo afirmaram que o representante da CBA declarou no briefing dos pilotos na última sexta em Interlagos que “os acidentes precisavam acontecer num esporte de risco para que as medidas fossem tomadas, que para evoluir precisa ser feito isso”.
Berti, por sua vez, respondeu a acusação de Cacá. “Ele foi completamente infeliz no que falou. Fiz um comentário dizendo que não só o automobilismo, como também a aviação, as embarcações, todas elas evoluem após cada acidente. Ao longo da história da humanidade, os acidentes de qualquer meio de transporte fazem com que se evolua nas questões de segurança. A frase foi dita em uma discussão dentro do briefing, sobre pit-stop e reabastecimento, dois dias antes de acontecer o acidente.”
(…) Segundo Berti, Camilo peca por não considerar que as corridas são regidas não só pelos valores esportivos, mas também pelos interesses comerciais e da CBA. “Eu acho que existe até um pouco de infantilidade, digamos assim, nesse pensamento do Thiago Camilo, apesar de eu achar maravilhoso isso. Ele está com uma vontade de criar essa associação, e aí teremos um representante da categoria falando por todos. É muito fácil que a gente consiga ter resultados positivos assim. (…) É maravilhosa essa proposta dele, é óbvio que, se ele se tornar o líder, vai ter algumas barreiras, porque a corrida não é só a parte desportiva, tem a parte comercial, dos patrocinadores dele mesmo.”
Pois acaba de me ligar Camilo, revoltado, com as palavras de Berti. “O Cacá não é nenhum mentiroso. E o que ele falou foi exatamente isso que te falei. O maior absurdo é ele dar uma declaração dessas praticamente chamando os pilotos de mentirosos. Pode perguntar para qualquer um que esteve no briefing se ele não falou isso”, falou, para então completar. “Os pilotos têm consciência de que há promoções e tudo mais durante o fim de semana, mas o que vamos impor é que vamos cobrar deles segurança”, tornou a repetir.
No Twitter, Lico Kaesemodel havia me confirmado que foram estas, mesmo, as palavras de Berti. E Mario Romancini, que foi convidado deste fim de semana do Mini Challenge, disse o seguinte: “Acabei de ler no Grande Prêmio as declarações do Sergio Berti, diretor de prova da Stock Car em resposta ao Thiago Camilo e Cacá. Não faço parte da categoria e não vou entrar em polêmicas. O que não posso deixar de falar, já que este assunto veio à tona, é que o briefing da MINI (…) foi uma vergonha! 5 minutos de conversa sem informação nenhuma. Infelizmente nada vai trazer o Gustavo (Sondermann) de volta, mas acho importantíssimo e apoio qualquer movimento que os pilotos façam em prol da segurança!”
Não conheço Berti, muito prazer. Tudo bem, não mudaria muito se conhecesse. Mas fazendo um mix de tudo que aconteceu de sexta até aqui, tudo vai de encontro com o que disse ontem, a respeito da chance que os pilotos da Montana não têm de falar e da pouca valia que é dada aos competidores em geral. E vai de encontro com tudo que é falado aqui, no Blog do Gomes, no BloGP, no Grande Prêmio e em outras parcas mídias sérias e independentes: vejam em que mãos está entregue o automobilismo brasileiro. Alguém que espera que o pior aconteça, alertado como foi, para se mexer realmente não pode dirigir uma corrida de carros ou outras tantas coisas de maior valor. Que me desculpe Berti, são muitas vozes importantes que garantem que você disse aquilo, mas deveria cometer a gentileza de assumir e abandonar seu posto de diretor. E comece a repensar alguns outros conceitos, no automobilismo, na vida.