INTERLAGOS | Demorei um pouco a mais do que o esperado para chegar à sala de imprensa em Interlagos hoje de manhã, confesso, e mesmo não tendo de dar muita satisfação, afinal pago minhas contas e publico meus textos sem preocupação com horários, meus caros colegas perguntaram o porquê de ter chegado atrasado.
Disse apenas que era óbvio, e eles perguntaram o que era tão óbvio, e eles olharam para minha cara de cansaço, sem olheiras à la William Waack, no entanto, pensando maldosamente que havia passado a noite na esbórnia, entregue a bebidas alcoólicas e tudo mais, e eu disse que havia, de fato, bebido uma cervejinha, uma só cervejinha, ainda lá não muito gelada, não ia me causar aquilo, claro, e dormi pouco, mas ter dormido pouco também não era motivo, dormir pouco não é desculpa para jornalista.
Insistiram, pois, na pergunta, cazzo, o que é tão óbvio, e eu só apontei ali pra fora, e todos olharam pra fora, ainda sem muito entender. É o longo caminho do estacionamento até aqui, tentou um, meio conclusivo e talvez já farto de não entender o que estava na cara. Que é longo, todos sabem, se atrasa para um, atrasa pra geral, e apontei ali, ó, ali, e todo mundo olhou, um começou a me ofender, outro desistiu. É o novo caminho, dei ênfase, novo caminho, quase um caminho ecológico de tão verde e natural que era, e aí pensaram que estava à base de drogas pesadas, resmunguei e obviamente neguei, detonando minha insatisfação com tamanha pequenez de pensamento.
Facilitei, já era hora, vim por uma trilha, e perguntaram que trilha, e eu falei que era pela savana, aí acharam que era por causa do calor. Devolvi o xingamento, já era burrice demais, e então respondi claramente que tive de desbravar o não muito admirável novo mundo em Interlagos, quase colonizando as matas e os habitantes que dela são comensais.
Carsten Horst ajudou a mostrar bem aos demais minha conquista. Mas não merece tantos parabéns quanto aos envolvidos por esta feita tamanha.
