Blog do Victor Martins
F-Indy

Meteoro da nação

SÃO PAULO | Tudo ia mal neste Brasil de Bolsonaros e Marcos Felicianos, expúrias desta sociedade meio adoecida por seus ideais e posturas condenáveis, quando surgiu a notícia, via Lauro Jardim, da Veja,  de que Luan Santana será o intérprete do Hino Nacional antes da corrida da Indy em SP. Não sou um cara retrógrado […]

SÃO PAULO | Tudo ia mal neste Brasil de Bolsonaros e Marcos Felicianos, expúrias desta sociedade meio adoecida por seus ideais e posturas condenáveis, quando surgiu a notícia, via Lauro Jardim, da Veja,  de que Luan Santana será o intérprete do Hino Nacional antes da corrida da Indy em SP.

Não sou um cara retrógrado nem arcaico, pelo contrário. Mas tem coisas, minha gente, que realmente não dá. É claro que isso não chega aos pés da demência de deputados cretinos que expõem seus medos enrustidos e preconceitos contra negros e gays, que deveriam ser banidos de qualquer contato com seres humanos, seres diferentes da espécie à qual se enquadram — as solitárias nas prisões bem que poderiam acomodá-los até o fim de suas pobres vidas —, mas denota que alguns valores, como uma instituição nacional, que é o Hino, estão sendo banalizados, tratados como qualquer coisa em troca de popularidade e gritinhos de jovens ululantes nas arquibancadas.

Já acho ridículo que Hino nacional seja executado antes das partidas de futebol. É de uma cretinice tamanha achar que as torcidas, tão preocupadas em xingar seus adversários, quase inimigos, calem-se, levantem-se e respeitem —  muito porque, a bem da verdade, metade daquele povo que frequenta estádio mal sabe a letra completa, culpa da falha educação e do interesse que tiveram em seus tempos estudantis. Aí transformam o Hino em axé na voz da Ivete ou Daniela Mercury, jogam para Vanusa cantar em assembleia, e agora fazem da composição de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel Silva um meteoro da paixão.

Não seria muito mais agradável e nobre, por exemplo, colocar o maestro João Carlos Martins, por tudo que ele representa e pela qualidade que ele poderia emprestar à apresentação criando uma versão a seu belo gosto, e mostrá-lo numa transmissão mundial e sua força pela história de superação que todos sabem ou bem deveriam saber? A organização da Indy ainda não anunciou e tal, então ainda está em tempo de repensar.

Mas sei lá, mas acho que de forma geral estamos padecendo de algum mal. Ou aquela história de 2012 tem lá seu fundo de verdade.