Blog do Victor Martins
F1

Austral

SÃO PAULO | Vou começar por baixo. Eu julgava desnecessária a volta da regra dos 107% à F1. Que um ano faria as nanicas aprenderem com seus erros, procurassem parcerias válidas e profícuas e engenheiros capazes de lhes darem 2s ou 3s nas pinceladas de seus projetos, sem precisar dos acertos dos pilotos. Agora vejo […]

SÃO PAULO | Vou começar por baixo. Eu julgava desnecessária a volta da regra dos 107% à F1. Que um ano faria as nanicas aprenderem com seus erros, procurassem parcerias válidas e profícuas e engenheiros capazes de lhes darem 2s ou 3s nas pinceladas de seus projetos, sem precisar dos acertos dos pilotos. Agora vejo que foi providencial. O grid na Austrália vai ter 20 carros. E olhe lá se a Lotus não se cuidar.

A Hispania mal foi à pista. Seus carros, que muitos até duvidavam existir, eram legos esperando suas peças. Talvez tenham ficado partes da carenagem e pneus na alfândega em Melbourne. Karthikeyan ficou cinco anos fora da F1, rezou muito, visitou templos em Mumbai, voltou e viu que ainda tem pecados a pagar. Liuzzi paga o preço de um campeonato ridículo em 2010 pela Force India. Se ninguém comprar essa equipe, duvido que chegue ao fim da temporada. Picaretagem.

A Marussia, ainda Virgin, nascida Manor teimou em se afastar dos túneis de vento para apostar num carro totalmente feito por computador. Deve ter projetado esse MVR-02 num 486, só pode. D’Ambrosio tomou 2s7 dos tais 107%. Glock foi na mesma toada. Não vão achar tempo nunca, esqueçam.

Lá em cima, Vettel dominou o treino, Webber foi lá e tascou-lhe o primeiro lugar em sua volta final. O pessoal sentado na grama ali do Albert Park gostou. Aliás, imagino que Interlagos esteja propício para fazer o mesmo, ver gente em seu gramado extenso e infinito. Mas, rapaz, a Red Bull enfiou quase um segundo sobre Alonso. É muita coisa. E pior: parece bem próxima da realidade da F1. A Ferrari que brigue com a Mercedes e, vá lá, a McLaren.

Barrichello em quinto, belíssimo resultado, ali entre Rosberg e Button. Barrichello, velho de guerra, continua bom. Vai carregar a Williams nas costas para lutar contra os leões, mesmo. E a Williams tem de aproveitar esse momento de hesitação de equipes tipo McLaren e Renault para ir coletando pontos importantes. Já Massa foi o mesmo de 2010: escapadas, erros e muita distância para Alonso.

Sinceramente? A única coisa boa foi a transmissão em HD, um espetáculo. Não fiquei lá muito empolgado com o que vi em pista. Começo, tal, mas deixaram a F1 meio ‘fake’, com essa coisa de asa móvel e zona de ultrapassagem e Kers. Talvez esse pneu Pirelli que gera buracos vulcânicos como o Eyjafjallajokull e dissolve ao gosto de Bernie Ecclestone dê uma movimentada, mesmo. Senão essa Red Bull vai levar o título a galope.