Blog do Victor Martins
F1

É uma zona

SÃO PAULO | Aí alguma mente que se julga brilhante sem trabalho em Paris, numa sala com uma bela máquina de café, tem uma ideia: já que pode mover, é preciso estabelecer um critério para seu uso. Daí a alma iluminada conta para um igual seu, que sorri, e este passa a proposta pra frente, […]

SÃO PAULO | Aí alguma mente que se julga brilhante sem trabalho em Paris, numa sala com uma bela máquina de café, tem uma ideia: já que pode mover, é preciso estabelecer um critério para seu uso. Daí a alma iluminada conta para um igual seu, que sorri, e este passa a proposta pra frente, todo orgulhoso, e todos aqueles da mesma saca adoram. A ideia vira mote e bandeira da entidade.

Sumariamente, a FIA já propôs às equipes que se tenha uma zona de ultrapassagem na F1, um trecho compreendido de 600 metros no fim da reta principal, para que o uso da flexão da asa traseira não seja banalizado. Vai que o piloto, dentre suas tarefas, fique lá apertando o botão a torto e a direito achando que é uma campainha. E para ter o direito de mover a asa, o dileto competidor teria de estar a menos de 1s do carro à frente para tentar efetuar a ultrapassagem. Para ajudar nesta tarefa, tal zona e a diferença de 1s seriam pintadas na pista. Ai, ai, ai.

Ou seja, além de estar preocupado com o botão da asa traseira e todos os outros trocentos no volante, além de um rádio no ouvido e a tarefa de pilotar a 300 km/h, o pobre piloto teria, se aprovada esta zona, de passar a observar linhas na pista para saber quando e onde pode ultrapassar.

Como é que o piloto, a equipe e quem mesmo vê a corrida teria a certeza de que na curva anterior ele está exatamente dentro da margem de 1s? Se estiver a 1s1, por exemplo, isso vai vai ser verificado como? O piloto teria, por exemplo, como parar a corrida e pedir um desafio, tipo no tênis, e ver no telão se passou com o carro todinho dentro da linha? E essa regra acabaria criando uma consequente zona de conforto para os pilotos da frente — até porque tem circuitos em que outras retas são maiores que as principais.

A FIA é especialista em zonas, Mosley que o diga, apto a uma da luz vermelha. Mas essa é a maior cretinice que se poderia imaginar alguém pensar em aplicar com um mínimo de seriedade numa categoria como a F1, e Todt responde por isso. É tão ridículo que é de se duvidar da seriedade e da procedência da informação. Em outras palavras, apaputaquepariu.

Essa zona da FIA bem gozadinha. A ideia vai virar chacota histórica para a entidade.