Blog do Victor Martins
F1

Yin Yang, 6

SÃO PAULO | A gente esperou 1 hora e tanto de, convenhamos, frescura da direção de prova para que a corrida tivesse, enfim, jeito de corrida. E a corrida foi chinfrim. Insípida e inodora como a água que teimou em cair lá em Yeongam — ou qualquer coisa parecida com isso, segundo a TV. Incolor não […]

SÃO PAULO | A gente esperou 1 hora e tanto de, convenhamos, frescura da direção de prova para que a corrida tivesse, enfim, jeito de corrida. E a corrida foi chinfrim. Insípida e inodora como a água que teimou em cair lá em Yeongam — ou qualquer coisa parecida com isso, segundo a TV. Incolor não foi, afinal os carros terminaram enlameados. E deu Alonso na porca miséria da Red Bull, agora líder do campeonato e  já podendo ser campeão no Brasil — onde conquistou seus dois títulos anteriores.

Iluminado, deu uma baita sorte. A corrida não era sua. Isso porque, na ordem, Webber caiu logo na pista molhada, Hamilton não soube se manter à frente e Vettel quebrou. Daí as gargalhadas, quase galhofas provocativas, após a quadriculada. Não poderia ter acontecido coisa melhor a Alonso hoje. Rabudo de la puerra, diria o sumido Máximo Bueno.

Os demais perderam a prova, a bem da verdade. Webber mostrou que a pista molhada de fato não é seu forte. Perdeu-se logo, e com pouca inteligência, ainda foi dar motor em cima da zebra depois das primeiras parcas voltas em bandeira verde. Bateu e levou Rosberg, coitado, que até poderia pensar numa vitória. Aí Hamilton se pôs à frente do espanhol depois da parada nos pits, errou de cara numa das tantas saídas do safety-car e deu passagem para o rival. E o motor de Vettel, então soberano, abriu o bico antes que os freios lhe trouxessem revés maior.

Sem muito percalço, então, Alonso levou os 25 pontos, foi a 231 e agora tem 11 de vantagem sobre Webber. Que foi digno e admitiu o erro: “A culpa foi toda minha”. Diante do infortúnio de Vettel, o australiano pelo menos vê uma situação positiva: agora é hora de os taurinos jogarem todas as suas fichas vermelhas nele. O alemão ficou pra trás. Não tem jeito. C’est fini. Do mesmo modo que a McLaren é toda Hamilton agora — Button foi mal demais —, ainda que a situação do inglês seja das mais inglórias. 21 pontos atrás, o que praticamente o obriga a terminar à frente de Alonso em Interlagos para se manter vivo até Abu Dhabi.

Muito bem hoje, Massa foi ao pódio se beneficiando, Schumacher fez uma prova digna, Kubica foi quinto sem brilhar e Liuzzi apareceu em sexto enfim tendo um desempenho notório — diferente de Sutil, que merece a masmorra por ter quase tirado o mito Kobayashi da prova numa de suas tantas toupeirices. Barrichello acabou em sétimo quase sem pneus, o ídolo nipônico foi oitavo e Heidfeld e Hülkenberg — aquele que vai ser rifado para que Maldonado entre na Williams em 2011, diferente da desdenhosa informação da TV — completaram a zona de pontos. Tudo sem muita graça no quase crepúsculo de Yeongam, essa pistinha ‘mid-mouth’.  

Alonso vem para Interlagos podendo levantar a taça com uma vitória e torcendo para que Webber fique de quinto para cima. O cara arrancou para o título. E agora que chegou ao topo da classificação, muitos hão de usar a paráfrase de que não perde mais.

Se der uma virada de Webber ou de Hamilton, tudo bem. Usarão depois o perde, sim.