Blog do Victor Martins
F1

A F1 é momento

SÃO PAULO | A coluna Superpole que escrevi para a Revista Warm Up deste mês, para vossos comentários: Se a gente for considerar o que acontece em pista, excetuando aquele maledeto jogo de equipe da Ferrari na Alemanha, a F1 vive um momento fascinante. Nunca antes na história recente desta competição cinco pilotos chegaram à […]

SÃO PAULO | A coluna Superpole que escrevi para a Revista Warm Up deste mês, para vossos comentários:

Se a gente for considerar o que acontece em pista, excetuando aquele maledeto jogo de equipe da Ferrari na Alemanha, a F1 vive um momento fascinante. Nunca antes na história recente desta competição cinco pilotos chegaram à parte final do campeonato com chances de título sem que haja um favoritismo destacado para um ou outro. Foram tipo microcampeonatos dentro de um só.

No começo se achava que a Ferrari seria a grande força do ano pelo que fez na pré-temporada e por sua primeira prova no Bahrein, com dobradinha. Daí, três provas com mutações climáticas colocaram Jenson Button e Sebastian Vettel no jogo — surpresa e naturalidade, respectivamente, diante do retrospecto de seus companheiros. Então Mark Webber apareceu na brincadeira com duas vitórias. Lewis Hamilton, invejoso, fez o mesmo nas corridas seguintes.

Passadas 14 provas, a diferença do primeiro para o quinto colocado é de 24 pontos. Ou seja, se houvesse só mais uma corrida para definir o título, os cinco teriam condição de ganhá-lo. Para efeito de comparação — porque esta pontuação acaba dificultando uma análise de pontuação que acompanhávamos antes da mudança —, é só atribuir o esquema de pontos do ano passado. Hamilton lideraria o campeonato com 75 pontos, Webber teria 74, Vettel e Button ficariam com 67 e Alonso viria com 66.

Webber foi quem mais venceu, quatro vezes. Hamilton e Alonso têm três no lombo, cada um. Vettel e Button somam duas. Button é quem há mais tempo não vence — dez corridas. Webber é quem ficou menos corridas sem pontuar — apenas uma, naquele acidente em Valência com Kovalainen. Mas é a ascensão de Alonso que acaba ganhando maior evidência diante destes dados.

O espanhol é quem mais fez pontos nas últimas quatro provas, 68, com duas vitórias e um segundo lugar. El hombre saiu do limbo para se meter entre a briga particular da Red Bull com a McLaren. Já está no meio delas na tabela. Arrancou para o título, diriam alguns. Não deixa de ser verdade. Dos cinco, Alonso disputa com Hamilton o rótulo de melhor da atual F1. É o que tem mais títulos e experiência de decisão, até porque ganhou os dois em cima de Michael Schumacher. E tem um fator principal: é o único que vai ter a equipe 100% para si.

A Ferrari havia se imposto a condição de seguir na temporada se seu primeiro piloto vencesse em Monza. Aquele pit bem trabalho é a garantia do trabalho em 2010 e de um Alonso na ativa. Tudo, então, vai ser do jeito que sempre quis, com mimos e regalias. McLaren e Red Bull vão ter de trabalhar em duas vias, com temor de que seus pilotos se percam até entre si e sem poder pender para um lado ou outro.

A partir de agora são quatro provas na Ásia — uma delas na desconhecida Coreia do Sul — e uma escapada para vir ao Brasil. Webber nunca completou corrida em Cingapura e tem uma vitória em Interlagos. Alonso ganhou aquela armada pela Renault no país-estado e uma em Suzuka. Hamilton também mostra no currículo um triunfo em Cingapura e foi o único dos cinco a não terminar a prova que a F1 fez em Abu Dhabi. Vettel já venceu no Japão e no circuito da Marina de Yas. Button é o que tem o pior retrospecto nestas provas, mas há o desconto porque nos últimos dois anos, um deles foi feito com aquela Honda capenga.

Mas realmente o passado pouco conta nesta fase final. A F1 tem importado o clichê do futebol. A F1 é momento. Ele é de Alonso. Por enquanto.