Blog do Victor Martins
F1

Canário belga, 3

SÃO PAULO | Deixaram Hamilton acordar de novo, e Lewis não é de perder chances. Liderou de ponta a ponta em Spa & Francorchamps e só teve um susto, na real: a escapada de pista quando a chuva voltava, tímida, pela segunda vez à corrida. Que foi boa, diga-se, mas talvez não tanto quanto poderia […]

SÃO PAULO | Deixaram Hamilton acordar de novo, e Lewis não é de perder chances. Liderou de ponta a ponta em Spa & Francorchamps e só teve um susto, na real: a escapada de pista quando a chuva voltava, tímida, pela segunda vez à corrida. Que foi boa, diga-se, mas talvez não tanto quanto poderia ou se esperava. Sei lá, deixou a desejar.

Porque Hamilton não permitiu que ninguém o ameaçasse. Webber entregou o ouro logo na largada e viu que as duas McLaren pulassem na ponta, com Kubica se intrometendo e Vettel e Massa no bolo. Button até rabiscou um desenho de ultrapassagem quando os primeiros pingos surgiram, mas foi um intento e só.

Aí veio aquele safety-car maroto, precavido demais, zeloso, coração de mãe e avó juntas, marcado pelo fim da corrida 300 de Barrichello no choque violento com Alonso. Pena chegar a esta marca sem completar uma mísera volta. E aquele carro de Alonso é feito do quê, carbono de aço? Deu um tapa ali e aqui, e o espanhol partiu para a recuperação. Veio o pano verde, Hamilton foi abrindo e abrindo e Button foi segurando a turma de cinco pilotos.

Demorou até Vettel tomasse uma atitude. E quando tomou, se perdeu, ali na Bus Stop. Vettel é muito afobado. É ótimo piloto, tal, todo mundo sabe, mas talvez tenha sido superestimado demais quando pintou ali na Toro Rosso e chegou a ganhar corrida. Vettel trocou de equipe, chegou ao primeiro escalão rápido pelas mãos da Red Bull, mas a maturidade não acompanhou a evolução. Escorregou e deu um porrão que conseguiu encher o meio do carro do pobre Button — dois acidentes nas últimas duas provas na Bélgica sem que tivesse culpa alguma. Indestrutível, Seb continuou, pôs outro drive-through na conta, ainda teve um momento com Liuzzi e ficou no zero, suficiente e o bastante pelo que tem apresentado.

A banda tocava mais preocupada em olhar para cima do que avante. Kubica não era muito incomodado por Webber, que via Massa meio que de longe pelo retrovisor e Sutil aparecia bem. Mais atrás eram Petrov, Schumacher e Rosberg quem promoviam um brilhareco. Os três acabaram na zona de pontos, bem como Kobayashi em desempenho discreto porém eficiente e Alguersuari, que herdou o décimo lugar após um erro do primo De la Rosa no samba das últimas úmidas voltas. Mas o piloto-DJ acabou punido por cortar a chicane da Bus Stop num momento lá — chegou a passar na TV — e perdeu o ponto para Liuzzi, fraco.

Neste cenário, o Webber que aparecia em segundo após passar Kubica nos pits voltava à cena para tentar o bote sobre Hamilton. Mas não houve chance. Lewis sequer permitiu que o australiano lhe tomasse a vitória. Neste início de fase final de campeonato, Hamilton e Webber se impuseram diante de seus companheiros. 182 a 179, diferença pequena agora a favor do inglês, a McLaren renascendo e a Red Bull sempre boa, agora vendo que não é nada mal ter Webber como primeiro piloto. Alonso, que acabou sendo o protagonista da entrada do segundo SC, promoveu hoje o primeiro ato de sua despedida ao título. O próximo, com fé — Felipe Paranhos tem feito peregrinação no Pelô —, será sacramentado pelo Conselho Mundial no próximo dia 8, com a lindíssima punição que será aplicada ao espanhol.  

Próxima prova é em Monza, onde os motores Mercedes devem mandar e desmandar. Então, McLaren, Force India e o time homônimo devem ir bem. A Red Bull que se esmere em fazer ótimo uso de seu duto-frontal e seu carro bom para não perder muito terreno. O campeonato está bem encaminhado.