Blog do Victor Martins
F1

Canário belga, 2

SÃO PAULO | Um líder de campeonato — quem sabe provável campeão — também precisa da sorte. A pole hoje era ou de Button ou de, muito mais provavelmente, Hamilton. Tanto é que, no fim, quando a chuva voltava à cena, os dois ingleses pularam lá para a parte de cima da folha de tempos, […]

SÃO PAULO | Um líder de campeonato — quem sabe provável campeão — também precisa da sorte. A pole hoje era ou de Button ou de, muito mais provavelmente, Hamilton. Tanto é que, no fim, quando a chuva voltava à cena, os dois ingleses pularam lá para a parte de cima da folha de tempos, com Lewis terminando só 85 milésimos atrás do australiano, ainda por conta de um erro na La Source. O que Webber teve de mérito foi ser um dos primeiros a conseguir andar no Q3, ter pista limpa e fazer a volta que julgou ser perfeita para a ocasião.

E foram várias ocasiões proporcionadas por Spa avec Francorchamps, ora repleta de nuvens carregadas, ora com sol a pino num céu ciano que Felipe Paranhos simplesmente ama. E que engana quando se pensa que não é capaz de receber aquelas nuvens de volta. Porque no começo a chuva pegou todo mundo de jeito, Trulli, Di Grassi, Sutil e alguns outros — Petrov, não; aliás, na Renault devem ter rasgado qualquer papel que mencionasse uma possível renovação de contrato. Aí parou, aí todo mundo correu para os pits para colocar pneus intermediários, aí a pista secou rápido. Tanto que o Q2 já deu chance de todo mundo voltar aos slicks.

Ali Hamilton mostrou que a McLaren vinha bem, andando na casa de 1:46 baixo, tendo por perto o companheiro Button. A Red Bull quase tomou um segundo, com Vettel e Webber na casa de 1:47.2. E não podia se atribuir a diferença a uma eventual pista úmida, não. Mas foi a tal pista úmida que derrubou os prateados. A volta das nuvens pegou Hamilton e Button de jeito no Q3. Logo Webber cravou seu 1:45.778 e aplaudiu a volta dos pingos.

Os pingos também atrapalharam a vida de Alonso. Aliás, a Ferrari é pródiga em se atrapalhar quando as condições climáticas mudam. É que um décimo lugar no grid não deve ser tão fatal para o espanhol, até porque o jogo do tempo vai atuar à beça durante a corrida. Massa deu-se bem, ficou em quinto, mas as duas escapadas que deu durante o treino de hoje já dão o tom do que pode acontecer a ele.

Massa e Webber são os dois pilotos mais frágeis do grid em chuva. Apostar no australiano para a vitória é arriscado, apesar de sua sorte. Em um cenário igual ao de hoje, repito, são Hamilton e Alonso quem devem se destacar, com Button naquela tocada fina e classuda. Deve ser a chance que os demais têm para descontarem ou até passarem Webber na classificação do campeonato. E tem Kubica naquela que pode ser sua maior oportunidade de conquistar uma vitória na condição ‘livre’ que tem, sem carregar a pressão de lutar pelo título e ter uma preocupação extra.

Jogaria as fichas em Hamilton, Kubica e Alonso, nesta ordem. A prova promete. Spa-Francorchamps poderia receber um campeonato inteiro da F1, como bem se viu hoje.