Blog do Victor Martins
F1

Caracóis húngaros, 4

SÃO PAULO | E Horner mostrou quem é que manda na bagaça. Mesmo. Januário de Oliveira diria numa noite de segunda-feira, assistindo Cabofriense e Entrerriense, que a Red Bull foi cruel. Muito cruel. Se alguns falam que as novatas andam numa categoria à parte da F1, os taurinos reduziram o resto a GP2 — e as […]

SÃO PAULO | E Horner mostrou quem é que manda na bagaça. Mesmo. Januário de Oliveira diria numa noite de segunda-feira, assistindo Cabofriense e Entrerriense, que a Red Bull foi cruel. Muito cruel. Se alguns falam que as novatas andam numa categoria à parte da F1, os taurinos reduziram o resto a GP2 — e as equipes novas em GP3.

E Vettel foi cruel com Webber. Levou em banho-maria um treino livre ali e uma parte da classificação acolá, mas na hora que a mortadela tinha gosto de peru, tratou de enfiar no australiano 0s4 com direito a novo recorde da pista húngara. 1min18s773. Sétima pole do alemão no ano. Curioso que toda vez que Vettel bateu Webber na temporada foi sempre saindo em primeiro.

E é saindo em primeiro que Vettel tem a mamata de levar a corrida no bolso amanhã. A não ser que Webber saiba que Seb tenha roubado no almoço de hoje o tomate seco e a azeitona preta de seu prato e volte a sentir aquele sentimento supremo de vingança do qual se apossou em Silverstone e faça a mais perfeita das largadas naquele lado sujíssimo da pista. O negócio está entre os dois, e é isso. Qualquer outro resultado que não uma dobradinha significa uma derrota para a Red Bull.

O terceiro lugar do grid também era meio óbvio. Alonso pôs sobre Massa diferença similar à de Vettel sobre Webber. O espanhol já disse após a corrida: “Temos de ser realistas e ver que o pódio está de bom tamanho”. Verdade. Tomou 1s2 de Vettel. É muito. A McLaren, então, vixe. Hamilton foi 1s7 pior e Button mal foi ao Q3. É a corroboração de que os cromados estão relegados à terceira força. Assim, o quinto lugar é mesmo o máximo que o líder do Mundial pode sonhar para um domingo normal.

A questão é que Hamilton tem logo atrás um Petrov animadíssimo. Finalmente conseguiu bater Kubica no grid — e olha que Kubica quase corre em casa pela vizinha magiar com a Polônia. Vai que, iluminado do jeito em que está, consiga partir bem — ou mesmo se empolgue e acerte, por assim dizer, Hamilton. Petrov é um bom piloto, mas seu problema é a inconstância latente.

Rosberg é o sexto, ali, solitário, sem muito o que ambicionar. Coitado. Kubica é oitavo num fim de semana amplamente ofuscado. De la Rosa é de novo o nono. Cresceu muito, o primo. E Hülkenberg foi décimo, à frente de Barrichello, que falhou na missão de ir ao Q3.

Analisando o resto, a Hispania não largaria se tivesse a regra dos 107% fosse aplicada. Nem mesmo Senna. Aliás, Bruno declarou que chegar ao fim da corrida será algo bem difícil — ou seja, não vai chegar — porque “tem algo grave” no carro. Diria eu que é o próprio carro, mas João Paulo Borgonove tratou de se apossar desta infame tirada. As novatas estão muito mal na Hungria. Vão sair de lá com umas quatro ou cinco voltas tomadas.

Se os pneus macios resolverem degradar, a corrida até pode ter algum ânimo. Do contrário, Januário de Oliveira explica o que será o domingo de manhã.