Blog do Victor Martins
F1

Caracóis húngaros, 3

SÃO PAULO | Enfim, um tempo mais para escrever. Agora sobre Massa. Acompanhei as entrevistas que o brasileiro deu em Budapeste hoje. Felipe foi claro: não vai mais se permitir a situação de Hockenheim enquanto tiver matematicamente chances pelo título. Não chegou a falar em arrependimento, mas as entrelinhas e as imagens dizem mais que qualquer […]

SÃO PAULO | Enfim, um tempo mais para escrever. Agora sobre Massa.

Acompanhei as entrevistas que o brasileiro deu em Budapeste hoje. Felipe foi claro: não vai mais se permitir a situação de Hockenheim enquanto tiver matematicamente chances pelo título. Não chegou a falar em arrependimento, mas as entrelinhas e as imagens dizem mais que qualquer palavra em algumas ocasiões.

Também, a “Auto Motor und Sport” revelou que Massa se recusou a cumprir as ordens da Ferrari duas vezes antes de ceder a posição para Alonso. Chega a ser um atenuante, digamos assim. Mas se resistiu por duas, que resistisse por três, dez, mil. O que fez foi ridículo. Nunca vai deixar de ser ridículo.

A verdade é que Massa sentiu o golpe. Não foi físico como uma mola, mas moral. Se diz que se importa com o que o país pensa dele, o baque é imenso. No domingo passado, Felipe sofreu uma derrota histórica, a maior de sua vida, a de seus 29 anos e a do renascimento. Fraquejou e frustrou muita gente que não esperava aquela subserviência. Acontece. Reconhecer o erro faz parte, é digno. E peitar a Ferrari agora talvez seja questão de honra. Massa pode não resgatar em nada a confiança que os fãs e torcedores depositavam nele antes da marmelada na Alemanha, mas seu esforço, se real, é válido. Ao menos, quando olhar para trás no futuro, terá a consciência de perceber que ao menos tentou.

A gente, de forma geral, precisa cometer o erro e dar com a cara na parede para aprender, é natural do ser humano. Que Felipe ponha em prática, pois, e que use tudo que aconteceu contra si no resto do fim de semana na Hungria, e então na Bélgica,  na Itália, nas provas adiantes, onde quer que vá e esteja na F1. Porque, repito, há vida fora da Ferrari — Barrichello demorou para entender, mas tem mostrado isso. E como disse tempo atrás, quando veio à tona a história do convite da McLaren, uma mudança de ares faz um bem danado às vezes.

Hoje, Massa decidiu que vai para seu segundo renascimento. Ele sabe muito bem como deve crescer.