Blog do Victor Martins
F1

Blame Canada, 5

SÃO PAULO | Até se pode dizer que a Red Bull abriu mão da pole e da supremacia no quesito na temporada para pensar na corrida de amanhã. Mas é que Hamilton foi tão melhor em todas as fases da classificação que isso desmereceria a conquista que enfim veio na oitava etapa do Mundial. No […]

SÃO PAULO | Até se pode dizer que a Red Bull abriu mão da pole e da supremacia no quesito na temporada para pensar na corrida de amanhã. Mas é que Hamilton foi tão melhor em todas as fases da classificação que isso desmereceria a conquista que enfim veio na oitava etapa do Mundial. No começo, 0s240 à frente de Vettel; depois, foi perto, 0s028 de vantagem para o alemão; e na superpole, 0s268, desta vez sobre Webber.

Aos fatos: a McLaren é muito rápida, e aí vão os aplausos ao caríssimo inventor deste duto mega ploft booster de velocidade. Mas mesmo assim, no papel, a McLaren não é melhor que a Red Bull. Está no máximo no mesmo pé que a Red Bull. Os taurinos poderiam ter ido à forra, sim. Primeiro, andaram com os pneus mais duros porque vão ter de largar com eles amanhã. Pneus duros em Montreal tem andado em média 0s2 mais lento que os moles, justamente a diferença no cronômetro de Hamilton para Webber. Outra: a falta de gasolina que se viu na sequência, quando Hamilton fez daquele modelo uma espécie de carrinho de compras de luxo ao arrastá-lo em direção à gôndola chamada box, também mostra que precisou estar mais do que leve para conseguir a vantagem sobre a RBR.

Aliás, uma perguntinha: vale? Vale acabar a classificação sem gasolina? O que é estranho é que, se valer, por que ninguém fez isso antes? Estranho. Sei não…

Li uma entrevista feita com Norbert Haug, diretor da Mercedes, que apontava para uma corrida de estratégias bem diferenciadas em relação às anteriores. Haug acredita que vai ter gente parando com cinco ou seis voltas. Justamente aqueles que largarem com estes pneus molengas que se desmancham como manteiga no pão das seis da matina. Assim, Hamilton, se não for aos boxes logo de início, pelo menos troca de calçados antes de Webber e Vettel.

Alonso pôs a Ferrari em quarto, enquanto Massa foi só sétimo, 0s2 pior. No Q2, a diferença chegou a 0s8. Felipe não tem andado no ritmo do companheiro por motivos já bem especificados — Alonso é mais rápido —, mas é possível fazer um comparativo da situação com a da Austrália. O clima era semelhante ao do Canadá, tempo nublado e relativo frio. Massa então reclamava do aquecimento dos pneus, que não os conseguia apropriadamente. É algo que também pode explicar essa disparidade — não a de 0s2, que seria comum, mas as demais que veio tomando ao longo do fim de semana.

Button em quinto foi apagado demais. Não reparei nos pneus que utilizou na classificação, confesso, mas a se julgar pelos 0s4 de diferença, presumível que tenha usado os duros; do contrário, foi mal. Agora Liuzzi em sexto demonstra uma Force India com força, com trocadilho e tudo. Sutil em nono confirma a boa fase da equipe que outrora era pequena e hoje começa a ousar a dar um passo à frente além de mediana. Kubica em oitavo e Rosberg em décimo foram mezza boca pelo que poderiam ter feito. Pelo menos Nikita, como adora dizer João Paulo Borgonove, conseguiu passar à superpole, coisa que seu velhusco companheiro, Schumacher, não fez.

Lá no fundão, a Lotus ficando a 0s2 da Sauber demonstra, a priori, que o time de Peter é um fiasco. No meio do pelotão, Barrichello ficou na boca para estar entre os 10 primeiros. No fim das contas, a atualização da Williams ainda se mostra insuficiente para voos mais altos. Senna e Di Grassi, nesta ordem, só superaram Chandhok, que mal andou.

A corrida se desenha interessantíssima, ainda mais se vier a chuva. O símbolo de tempestade impera aqui na tela do computador ao se referir à previsão de domingo, máxima 25ºC. Acho, apenas acho, que não chove. E se for assim, a corrida fica nas mãos do taurino que pular na frente na largada. E creio que será Webber.