Blog do Victor Martins
F1

Du Monacô, 2

SÃO PAULO | Na vez em que mais parecia que a sequência dos taurinos seria quebrada em 2010, ou por equinos ou pelo nasal, havia ali um Webber para defendê-los e novamente aparecer na frente dos demais. Já vi comentários aqui e ali que a Red Bull começa a ganhar a antipatia inerente de quem começa a […]

SÃO PAULO | Na vez em que mais parecia que a sequência dos taurinos seria quebrada em 2010, ou por equinos ou pelo nasal, havia ali um Webber para defendê-los e novamente aparecer na frente dos demais. Já vi comentários aqui e ali que a Red Bull começa a ganhar a antipatia inerente de quem começa a dominar algo insistentemente. É o fardo que a competência traz. Sexta pole no ano, e o australiano empata a disputa com o badalado companheiro.

Se Vettel não tem feito o serviço que lhe caberia na Red Bull, Webber não vem perdendo a chance. É a igualdade de  condições e de uma situação da qual sinceramente não esperava. Não que os energéticos fossem privilegiar Vettel, mas que o próprio se colocasse  naturalmente como líder dentro do time por ser um piloto bem mais completo.

Teve um momento na temporada passada, que foi o posterior à primeira vitória, em Nürburgring, que Webber ensaiou uma chegada mais próxima ao alemão e à Brawn, sugerindo que poderia ser ele a alternativa àquele domínio dos carros brancos. Mas Mark só voltou a vencer no Brasil, fim do ano, e Vettel foi quem se destacou no intervalo, colocando o canguru dentro de sua bolsa.

O momento é outro. O campeonato, ainda em sua sexta prova, não aponta nenhum favorito claro à taça, ainda que a Red Bull tenha um equipamento ligeiramente melhor que os demais. E Webber, a esta altura da carreira, encontra um momento de auto-afirmação, quase que de prova para si de que o título não é uma barreira intransponível e de que ele, se não tem a rapidez e a genialidade dos rivais diretos, é capaz. A pole de hoje, sobre uma Ferrari que vinha dominante em Monte Carlo e sobre um Kubica cada vez mais exuberante, soa como a segunda fase da campanha da vacinação de ânimo.

Com toda a disputa próxima que se viu, Webber pôs quase 0s3 em Kubica. É considerável. E foram 0s4 em Vettel. É muito considerável. O carro que parecia vir para a pole só ficou em quarto, Massa, e não acharia estranho se daqui a pouco vier a FIA para puni-lo por ter diminuído o ritmo na entrada da reta principal e impedido que Button, atrás, completasse sua volta rápida. Seria o pesadelo para a Ferrari que já vai ter de ver Alonso no meio das novatas lentas no fundo do grid — o que é bom pra Massa.

Aí terceira e quarta filas tem McLaren e Mercedes separadas por 0s2, começando por Hamilton, passando por Rosberg e Schumacher e terminando com Button. Barrichello, com uma Williams de asa nova, foi o melhor do resto e sua experiência e capacidade fizeram diferença para o resultado — o que, claro, é bom pra Barrichello. A Force India continuou no grupo dos 10 melhores, mas pela primeira vez com Liuzzi, um que precisa ser picado com o remédio que tem corrido muito dentro de Webber. De resto, nada a declarar.

Mônaco é praticamente uma Barcelona mais estreita e feita na rua. Então vai a mesma previsão feita na semana passada, adaptada. Se Webber não se deixar ultrapassar por Kubica na primeira curva, parte para a vitória — sem o sossego com que conduziu na Espanha porque não há carro bom e piloto em melhor fase no mundo que não possa sucumbir nas ruas do Principado. Só que hoje, a aposta vem com menor receio de me decepcionar.