Blog do Victor Martins
F1

Du Monacô

SÃO PAULO | Faz pouco mais de quatro dias que Massa desceu do carro em Barcelona, olhou aqui e ali, bufou e, não muito resignado, estranhou seu desempenho com aquela F10 muito melhor que a F60 e promissora no começo da temporada. Ali, o brasileiro chamou atenção ao fato de que os pneus da Bridgestone […]

SÃO PAULO | Faz pouco mais de quatro dias que Massa desceu do carro em Barcelona, olhou aqui e ali, bufou e, não muito resignado, estranhou seu desempenho com aquela F10 muito melhor que a F60 e promissora no começo da temporada. Ali, o brasileiro chamou atenção ao fato de que os pneus da Bridgestone seriam os responsáveis por aquele declínio. Na pré-temporada, o carro estava 100% com os compostos mais macios, mas a fornecedora optou por mandar calçados mais duros entre as etapas da Malásia e da Espanha. Para Mônaco, a coisa seria diferente.

E os primeiros treinos em Monte Carlo, sempre com aquela ressalva de que eles exprimem algo meramente verossímil, mostram que a Ferrari, mesmo, é contra duros. Flavio Gomes certamente diria que os carros vermelhos não podem tomar Viagra, mas é evidente que não vou fazer aqui esta piadinha escrota. A Ferrari vai bem de mole. Alonso liderou os dois treinos e Massa veio na balada, em quarto, pouco mais de 0s2 atrás.

Alonso é um piloto mais rápido, a gente há de convir, e numa pista que Massa sempre denotou todo seu repúdio, a diferença é um resultado mais plausível e próximo da realidade. Ainda creio que a Red Bull deve ter vindo com 60 ou 70% de sua força hoje, meia-bomba, como diria Ivan Capelli, e no sábado deva ocupar pelo menos o top-3 na classificação, nas CNTP.

Rosberg em segundo também mostra o passo à frente que a Mercedes deu desde Barcelona, embora ainda insuficiente para realmente colocá-la em pé de igualdade com Red Bull, McLaren e Ferrari, pelo menos neste fim de semana. E também pode expressar que Barcelona foi, digamos por coincidência, uma exceção em relação ao ritmo que teve nas provas anteriores justamente quando o carro mercediano foi adaptado aos gostos de Schumacher. De fato não seria inteligente tirar o doce de Rosberg quando ele se apresenta ainda candidato ao título. O alemão mais velho foi quinto, andando ali na balada.

O sexto foi Kubica, mas é um que pode surpreender ali no grid entre os cinco primeiros. Na Revista Warm Up que saiu ontem — se ainda não leu, mexa esse mouse e clique aqui —, indiquei que Button seria o melhor piloto da temporada até agora, mas começo a rever meus conceitos. A F1, hoje, é o G4+Kubica, e se a Renault se empenhasse em melhorar um pouquinho, o polonês vai pras cabeças. Aliás, a Renault é aquela que visualmente parece ter mais espaço para melhoras. O desenho de seu carro é relativamente simples e conservador em relação aos demais. Não tem duto frontal, não tem asa-bigorna nem alguma peça que salte aos olhos que faça alguma diferença. É um modelo razoavelmente bom pilotado por um piloto excepcional.

Hamilton foi sétimo e Button foi nono num dia em que a McLaren não fez seu brilhareco. Ou porque viu que não faz sentido fazer manchete em treino livre ou porque o carro não se achou, por ora. Diria que veio na toada Red Bull, que teve Vettel em terceiro e Webber só em décimo. O top-10 ainda teve Sutil, que é claramente o primeiro fora do grupo principal da F1, de vez em quando se intrometendo nele.

No mais, confesso que fiquei surpreso com o desempenho das novatas dignas, Lotus e Virgin. Para quem esperava que tomassem 7 ou 8 segundos, ficar só 3 e pouco já é notável. E mesmo a Hispania com o arremedo de carro que a Dallara a entregou, 5s4 no caso de Chandhok, também é aceitável. O problema é a comparação com a GP2. O tempo do indiano foi só 0s1 melhor que o feito por Pastor Maldonado no treino da manhã da categoria de base. E seria pior se não tivesse chovido na classificação que sucedeu os treinos livres da F1. E nesse contexto, a vida de Senna fica ainda pior, porque constantemente tem ficado atrás do indiano. Seu atenuante é que esse carro deve ser pior que o velho Uno Mille saindo de ponto morto em ladeira.

Se ficar como hoje, a tendência é que taurinos e equinos sobressaiam. Só que a chuva é ameaça para sábado. Se assim for, há de vir um showman inglês para ficar com a pole.