Blog do Victor Martins
F1

Campos Parte

SÃO PAULO | A história da presença da Campos na F1 também merece um espaço na grade de programação, do tipo segundo horário das novelas. Informações pingam aqui e ali e se contrapõem com a certeza que vem sendo aplicada pelos envolvidos com a equipe. A mais extrema delas dá conta de que a equipe […]

SÃO PAULO | A história da presença da Campos na F1 também merece um espaço na grade de programação, do tipo segundo horário das novelas. Informações pingam aqui e ali e se contrapõem com a certeza que vem sendo aplicada pelos envolvidos com a equipe. A mais extrema delas dá conta de que a equipe tem cinco dias para definir seu futuro. Do contrário está fora da categoria.

Adrián Campos e Bruno Senna têm garantido que a equipe vai estar no Bahrein para a abertura do campeonato — nem que a Campos use a corrida como um treino de luxo. Depois de ter sido abandonado terrivelmente pelas empresas espanholas e de o plano de ter um sobrenome forte que lhe trouxesse patrocinadores, inclusive brasileiros, ter falhado, o dirigente abriu negociações com Tony Teixeira, outro que se viu na sarjeta pelo fracasso da A1GP.

Ontem, o jornal espanhol Las Provincias afirmou que as mãos que seguravam os píres haviam sido apertadas e que só faltava a documentação da união das partes — o que significa pouca coisa, há de se convir; o mundo caga e anda para acordos verbais. O anúncio, continuou o periódico provinciano, seria anunciado entre ontem e hoje. Ontem nada aconteceu.

Pois hoje surgiram outras infos. Campos viajou para Belgrado e foi tentar vender a equipe para Zoran Stefanovic, vulgo Stefan. O preço seria € 12 milhões mais o que Campos assumidamente deve para a Dallara, a fabricante do chassi. O glorioso Stefan, que ficou com o espólio da Toyota e trabalha como se estivesse inscrito no grid para 2010, agradeceu a oferta, perguntou “que equipe, cara pálida?”, mandou lembranças e recusou.

Campos partiu para Teixeira, que tem demonstrado um interesse pela F1 já há algumas temporadas — época da Spyker, por exemplo. Nada mais normal, pois, que a união. A revista alemã Auto Motor und Sport explicou também hoje a história: Teixeira quer ressuscitar a A1GP dentro da F1, usando o último campeão como vitrine, no caso Adam Carroll. Principalmente porque Carroll poderia levar um patrocínio pomposo. À Reuters, Teixeira confirmou tal intenção — nada falou sobre Carroll. E o norte-irlandês coçou o queixo e ergueu as sobrancelhas. Não viu lá muita vantagem. A negociação emperrou.

Também, a Auto Motor und Sport informou que Bernie Ecclestone teve uma conversa com Teixeira. O tom do papo foi que o dono da F1 só aceitaria uma sociedade de Tony com a Campos, ou até uma compra, caso o dirigente da A1GP pague tudo que deve lá para o pessoal de sua categoria. Bem do tipo: “Se você tá devendo lá, imagina o que não vai fazer aqui…”

E que Teixeira resolva tudo isso rápido. A publicação alemã citou um prazo, 1º de fevereiro, para que a Campos resolva sua situação. Se até lá, cinco dias, não resolver sua pendenga financeira, perde sua licença ao som de “Adeus, eu vou partir”. E a Stefan, apoiada por Bernie, entra no lugar.

E repito: Campos e Senna garantem que estarão no Bahrein — como escrevi dias atrás, em conversa com o sempre notável assessor Márcio Fonseca.

Está no ar a nova novela do automobilismo: Campos Parte.