SÃO PAULO | Cá estou pensando alto aqui, depois de ler e reler as declarações e receber algumas informações sobre Bruno Senna e seu futuro a curtíssimo prazo na F1.
Uma afirmação do competentíssimo assessor Márcio Fonseca dias atrás a respeito desta boataria toda que tira Senna da Campos e põe na Toro Rosso, mais precisamente a final, é o motivo da divagação. “[Bruno] reitera a certeza de que estará no grid do Bahrein ao volante do carro 21”, foi o que disse Fonseca a nós.
Analisando o que Márcio nos falou, e digo que ele seguiu o que Senna lhe permitiu dizer neste momento, posso até duvidar da manchete que o Grande Prêmio colocou, e nisto estou incluso, como editor, de que Senna reitera que vai estrear pela Campos. Fonseca confirmou que a Campos passa por problemas financeiros, destacou que são absolutamente normais neste noviciado, mas em nenhum momento mencionou literalmente que Bruno vai correr no Bahrein pela equipe espanhola. A certeza, repito, veio na forma do número do carro, o 21.
Conversei com uma fonte das mais sabidas há pouco, que me garantiu que esta boataria tem, sim, um fundo de verdade e que uma transferência para a Toro Rosso é consequentemente possível. A informação de destaque, no entanto, foi a de que Bruno “deve ter até perdido os US$ 13 milhões dados à Campos”.
A notícia, precisamente na questão do valor, bate com a que ouvi durante o GP do Brasil de uma outra fonte extremamente sabedora de toda a negociação. Em 29 de outubro, escrivinhei aqui que eram R$ 22 milhões. Que são aproximadamente US$ 13 milhões.
Então imaginei a Campos desistindo do Mundial pela dificuldade orçamentária já difundida e Bruno, sem o cambau ou com o dinheiro de volta, partindo para a Toro Rosso. Que hoje tem os números 16 e 17. Mas Senna garante que vai correr com o 21. É bem possível, mesmo.
No fim de novembro, a FIA divulgou a numeração de 2010, ainda mencionando a Brawn, sem a BMW e a Toyota, e com uma mudança interessante e até então imperceptível por mim na posição das novatas. A Lotus, última confirmada, foi a primeira a aparecer na lista. Depois vem a Campos, e segue a ordem alfabética com USF1 e Virgin. O normal seria a Campos vir com o 18 e o 19. Ainda no comunicado da entidade, é ressaltado que a Toyota havia assinado o Pacto da Concórdia, um significado de que sua posição no grid estaria garantida.
Dias depois, a FIA vinha a público para informar que aceitava a inscrição da BMW no Mundial deste ano. A Sauber assumiu seu espólio. É um caso similar ao da Brawn com a Mercedes, tirando o caráter da desistência dos bávaros. Daí a Mercedes ficar com 3 e 4. Assim, sexta colocada em 2009 e então sem a Toyota no grid, a BMW subiria um posto e correria com 9 e 10. São os números que usariam Kamui Kobayashi e, provavelmente, Pedro de la Rosa.
A Stefan, grupo sérvio que ficou com a massa falida da Toyota, está trabalhando como se estivesse inscrita para o campeonato. Teve interesse em Nelsinho Piquet — e o assédio, ao que soube, ainda não terminou. Um tanto quanto estranho, há de se imaginar. Só espera alguma novata pedir arrego para pôr os TF110 prontinhos para correr. Saindo a Campos, a Stefan entra na brincadeira no posto deixado pelos nipônicos. A Toyota foi quinta no ano passado. A Stefan, então, pegaria os 9 e 10 para si e passaria 11 e 12 para a Sauber. E ambas jogariam a Toro Rosso para 20 e 21.
Evidente que todos os meandros de toda esta situação só são de pleno conhecimento de seus protagonistas. Vai que esta seja uma viagem quase interplanetária, e tudo esteja em curso para uma estreia plácida da Campos. Vai que haja um problema de tal forma que esteja fazendo a Toro Rosso deixar Jaime Alguersuari de stand-by justamente para negociar com Bruno. E vai que a ida para a STR já seja questão de detalhes, coisas de só por a assinatura no papel. O que se delineia, a dois meses do início da temporada, é que está inserida num número a resposta por toda essa charada que se transformou a vida de Senna na F1.