Blog do Victor Martins
F1

Bridgestone fora

PRAIA GRANDE | Foi um dia bem cretino, o meu, porque eu mal consegui ver a corrida, acometido de uma dor de cabeça dos trópicos, e aí tive uns outros problemas que só me deixaram livre, mesmo, lá pelas 4 da tarde. Depois do jogo dos verdáceos futuramente campeões contra os co-irmãos sem teto, acabei […]

PRAIA GRANDE | Foi um dia bem cretino, o meu, porque eu mal consegui ver a corrida, acometido de uma dor de cabeça dos trópicos, e aí tive uns outros problemas que só me deixaram livre, mesmo, lá pelas 4 da tarde. Depois do jogo dos verdáceos futuramente campeões contra os co-irmãos sem teto, acabei recebendo um convite para descer para a praia e tentar, em vão, aproveitar o feriado.

A Praia Grande, megalópole que engloba Santos, Itanhaém, Mongaguá e São Vicente, é um permanente canteiro de obras. Cresceu muito, para não dizer pra caralho. Pena que é um poço de assaltos. Que seja, estava eu pronto para dar uma voltinha aqui quando pingou a mensagem de que a Bridgestone vai deixar a F1 em 2010.

Chocante. A crise já passou, tal, mas para os japas, a coisa foi feia. Vide Honda (e quase Toyota), Suzuki e Subaru no rali e Kawasaki na MotoGP. Alegam que vão se dedicar a outros projetos, mas a verdade é que o harakiri está na garganta.

O primeiro contato da Bridgestone com a F1, na verdade, aconteceu há mais de 30 anos. Como era permitido à época, a fábrica nipônica colocou seus pneus nos carros do louvável Kazuyoshi Hoshino nos GPs do Japão de 1976, Tyrrell, e 1977, Kojima. Só veio a ser fornecedora oficial em 1997, como opção aos que usavam Goodyear.

Chegou a ser a única fabricante durante quatro temporadas, a partir de 1998, e voltou a enfrentar uma adversária em 2002, quando a Michelin se aventurou pela F1. Mas o episódio do GP dos EUA de 2005 serviu como mote para a FIA adotar, em nome do corte de custos, a tática de transformar a F1 em monomarca na canetada.

O asfalto novo de Indianápolis para aquele ano foi um terror para a Michelin. Resumidamente, o curvão provocava, no prazo de no máximo 15 voltas, estouros nos pneus. Chegou até a se cogitar colocar uma chicane improvisada no dia da corrida para que a velocidade fosse diminuída e os compostos não sofressem. Sem achar uma solução, a Michelin aconselhou que seus times parceiros não corressem. E a prova de 20 carros foi reduzida a seis, de Ferrari, Jordan e Minardi, em cena inédita na categoria.

No fim de 2006, um ano antes do previsto por contrato, a Michelin picou a mula hasteando a bandeira da necessidade da concorrência. E aí deixou novamente o monopólio à Bridgestone.

Pirelli e Goodyear devem começar a se assanhar. Enquanto eu, às quase 2, vou dar a volta na praia.