Blog do Victor Martins
F1

Anti-stall, a mangueira de 2009

SÃO PAULO | É tudo muito bonito, bem iluminado, caprichadinho, uma nova praça que já ficou muito mais falada do que muitos locais que recebem a F1 há zilhões de temporadas, mas Cingapura não tem lá corridas das mais animadas. Aliás, é quase um dogma em relação às provas de rua. São alguns momentos interessantes, […]

SÃO PAULO | É tudo muito bonito, bem iluminado, caprichadinho, uma nova praça que já ficou muito mais falada do que muitos locais que recebem a F1 há zilhões de temporadas, mas Cingapura não tem lá corridas das mais animadas. Aliás, é quase um dogma em relação às provas de rua. São alguns momentos interessantes, mas disputas e trocas de posições são artigos em falta.

É por isso que, dadas as condições normais de temperatura e pressão, a pole de Hamilton ontem, mais pesado, já delineava que sua vitória seria fácil, “simples”, como o próprio definiu. É bem verdade que Rosberg e Vettel trataram de deixar sua vida mais mansa, com erros que lhes trouxeram punições, mas dificilmente alguém conseguiria demover o redentor Hamilton.

Lewis, aliás, seria uma grande pedra no sapato brawniano se a McLaren tivesse este carro desde o começo da temporada. A partir da Hungria, quando praticamente colocou um novo modelo na pista, Hamilton conseguiu 28 pontos, menos apenas do que Raikkonen, que fez 30 e nadinha, absolutamente nadinha, hoje. Barrichello, com o sexto lugar, foi a 25. Button, quinto, somou 16.

Button, aliás, sai como vitorioso do fim de semana (oh!, não diga?). Digo. Antes Barrichello precisava tirar 3,5 pontos por corrida. Sua meta agora é de mais de 5, visto que não adianta empatar na classificação geral — são 15 pontos mais um que Jenson tem pelo número de vitórias a mais. E só em uma corrida durante a temporada toda, a de Valência, Barrichello conseguiu somar mais do que cinco pontos que o companheiro.

Apesar do discurso otimista, “pra frentex”, como diria Ivan Capelli, e do “barrichellocentrismo” que permeiou a transmissão — todos os ocorridos tinham de beneficiar Rubens —, o resultado de Cingapura é um baque. Barrichello, ainda, revelou o que a TV acabou não mostrando: um problema no segundo pit-stop.

A transmissão da prova mostrava por diversos ângulos o problema que tirou Webber da corrida, com o disco de freio, e só pegou a saída dos pits de Barrichello, sem resgatar as imagens dos segundos anteriores. Disse o brasileiro que não conseguiu engatar o ponto morto e não entrou o anti-stall, que já havia o atrapalhado nas largadas da Austrália, da Turquia e da Bélgica, e o motor se foi. “Perdi uns 10 segundos”, lamentou.

Não foram bem 10 segundos, mas foram, de fato, decisivos. Em sua primeira parada, na volta 19, Barrichello gastou 25s101; Button, 25s845 quando parou na 29. Na segunda, na 46, o tempo perdido por Rubens foi de 27s438; o inglês, 22s408, na 51, mais ou menos na linha das últimas paradas dos demais. Isto é, Barrichello perdeu 5s030 em relação ao companheiro. Ao retomar o ritmo de prova, o brasileiro tinha cerca de 25s de desvantagem para Button antes da parada deste. Se tivesse, portanto, não perdido tempo no pit, provavelmente voltaria à frente de Jenson.

Semana que vem no Japão, Button já pode ser campeão, embora a tendência seja que Barrichello salve o match point e tente nova sobrevida em Interlagos. No caso de não ficar com o título, os problemas com o anti-stall serão responsabilizados. Do mesmo modo que a mangueira do pit de Massa recebeu a culpa, injustamente sozinha, em 2008.