SÃO PAULO | Flavio Briatore e Pat Symonds picaram a mula, segundo o comunicado da Renault. Ou tiveram a mula picada, e para não deixar explícito ou denotar que a montadora não os apoiava mais, jogaram que eles saíram por livre e espontânea pressão.
A cinco dias do julgamento do Conselho Mundial, a queda dos dois principais nomes da equipe francesa é significativa. Primeiro, claro, dá a vitória à gana vingativa da família Piquet — não há ato de nobreza algum na delação porque a intenção passa evidentemente bem longe do arrependimento — em tocar o terror após a demissão — e oficialmente foi considerada quebra mútua de acordo — de Nelsinho. Depois, esvazia um pouco a natureza e o alcance do julgamento do Conselho Mundial — esperava-se que Briatore e Symonds saíssem na condição de criminosos condenados, na representação da iminência de uma prisão perpétua. Por fim, levanta a lebre para um acordo para que a Renault seja poupada do caso.
A derrocada da dupla maquiavélica também representa a pré-culpa nos processos que pretendiam mover contra os Piquet, de extorsão e estelionato e tralalá. No fim, a audiência do Conselho na próxima segunda só vai determinar se ambos estão banidos da F1 para todo e sempre e o que vai restar à Renault de culpa. A se julgar pelos encontros de Bernie Ecclestone no motorhome da montadora no fim de semana em Monza e a preocupação latente em não perder um grande nome — Renault banca a GP2 e a World Series —, é bem provável que só deem um puxão de orelha e apontem o dedo em riste para depois acarinhar.
Sede de vendetta garantida, a questão que fica para Nelsinho é descobrir o que tem no bolso. Impossível que ele e seu pai tenham aberto a boca para fofocarem a podridão do esquema do GP de Cingapura simplesmente por birra pessoal, altamente periculosa para dano de sua imagem. Tem quem ache que Nelsinho pode voltar, que se tratou de um plano para derrubar Briatore, o que eu consideraria impossível e maluco.
Se bem que é a F1, sacumé…