Blog do Victor Martins
F-Indy

A base de Salvador para a Indy

SÃO PAULO | Vamos lá. De tudo que aconteceu neste fim de semana em Salvador, o que realmente me preocupa — além da comprovação do comensalismo dos colegas que acham que passar um pano e lustrar a situação do automobilismo, em particular na Stock, é a melhor forma de fazê-lo bom — são as declarações […]

SÃO PAULO | Vamos lá.

De tudo que aconteceu neste fim de semana em Salvador, o que realmente me preocupa — além da comprovação do comensalismo dos colegas que acham que passar um pano e lustrar a situação do automobilismo, em particular na Stock, é a melhor forma de fazê-lo bom — são as declarações de Carlo Gancia, que colocam a capital baiana como favorita, agora, a receber a prova da Indy em 2010.

Já não é de hoje que tenho uma relação profissional mais estreita com Gancia; isso começou desde que me preparei para ir a Indianápolis. Nos últimos meses, tenho falado com certa constância com ele em virtude da possibilidade da realização da corrida brasileira da categoria norte-americana. Carlo é um cara dedicado ao automobilismo e de ideias claras. É um cara correto. Que me explicou, semana passada, por telefone e em comentário no blog, basicamente a mesma coisa que disse ao ótimo repórter e colega Felipe Paranhos, ontem, em relação à realização de uma corrida de rua: mostrar as belezas e benesses das cidades.

À distância, pude acompanhar o que aconteceu em Salvador no fim de semana, por fotos, comentários à boca semicerrada e pela televisão. Primeiro de tudo, uma corrida da Stock Car só foi realizada naquela cidade porque a Nextel, principal patrocinadora da categoria, começou suas atividades na capital da Bahia, isto no fim do ano passado. Ninguém pensaria numa uma prova urbana em São Luís ou Aracaju, que não têm cobertura da operadora de telefonia. Que seja. Ao traçado: ruim. Estreito demais. Inventaram a colocação de barreiras na função de chicanes. Vieram os treinos e os inerentes problemas dos toques nos pneus, que levaram a paralisações. No fim das contas, proibição de ultrapassagens e um S de cimento improvisado.

Não houve disputa na prova da Stock. Não houve emoção nenhuma. Foi uma fuzarca regada a vatapá e acarajé. E, principalmente, sem mostrar o vatapá, o acarajé, Salvador em si. Aí está a questão.

Porque se Gancia se apega ao fato de “mostrar a cidade” para que venha a Indy, Salvador, a Bahia e o mundo não estão interessados em divulgar e ver seu Centro Administrativo. O que vimos não é o que o município nordestino tem a mostrar. Seria muita cara de pau, se Salvador ganhar do Rio de Janeiro e de Ribeirão Preto, fazer estardalhaço de marketing em cima das praias, das baianas, do Olodum, do Pelourinho, da Ivete Sangalo e da Cláudia Leitte, por exemplo, e levar turistas de todas as partes do globo para uma corrida às margens de uma assembleia legislativa e uma secretaria de turismo para ver de onde o governador Jaques Wagner despacha.

O fato de terem organizado, meio que às pressas, um circuito de rua, colocando barreiras de concreto, erguendo alambrados, pintando zebras e asfaltando aquele trecho, é relativamente fácil. A questão é fazer algo minimamente bom no aspecto esportivo. E atrativo na área turística. 

A Stock decidiu fazer uma corrida de rua em dois meses — confirmou sua realização em 5 de junho. Sendo Salvador, Gancia e a Indy têm perto de 7 meses para conceber uma corrida. E pelos princípios e exigências da categoria, primeiro de tudo, verificar que o que a Stock criou não serve para a Indy nem a pau. Pra nada.