Blog do Victor Martins
F1

O suicídio de Bernie

SÃO PAULO | Só fui ligar o computador agora há pouco para ver o que acontecia no mundo. Vi a manchete do Grande Prêmio. Bem, gosto não se discute, já diria o outro. Cada um tem as preferências, tendências, paixões e ídolos que bem convier, e cabe a nós, naquele velho discurso moralista e correto, respeitar. Mas a […]

SÃO PAULO | Só fui ligar o computador agora há pouco para ver o que acontecia no mundo. Vi a manchete do Grande Prêmio. Bem, gosto não se discute, já diria o outro. Cada um tem as preferências, tendências, paixões e ídolos que bem convier, e cabe a nós, naquele velho discurso moralista e correto, respeitar. Mas a declaração de Bernie Ecclestone ao The Times beira o absurdo e a insanidade, de que Adolf Hitler fazia as coisas acontecerem e que muitas de suas ações podem ter sido tomadas por ter sido induzido a elas, alinhando-se com a postura do ditador.

Qualquer que seja a defesa ou a apologia que se faça a um dos maiores carrascos da História contemporânea tem de ser execrada. Mais: tinha de ser passível de punição. Uma figura como o dono da mais importante categoria de automobilismo mundial não podia se prestar a apoiar nenhuma das atitudes de alguém que não tinha respeito pelo outro por sua procedência ou cor nem para se utilizar de uma metáfora, que todos sabemos bem: o poder concentrado nas mãos de uma pessoa.

Os ideais de Ecclestone, com isso, ficam bem claros: manda e desmanda a seu bel-prazer, seja a consequência que tiver. Não é simplesmente imaginar que tudo tenha que ser do seu jeito. É ser dessa forma e passar por cima de quem o atrapalhar. É de se analisar profundamente o que este sujeito fez para chegar no posto que ocupa, com quem ele se aliou e quem ele eliminou, na forma mais branda que isso expresse.

Bernie, hoje, seguiu Hitler, mesmo. Bernie cometeu seu suicídio. Ou ao menos morreu para muita gente.